ATA DA VIGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 08.04.1996.

 

Aos oito dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e seis, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Décima Oitava Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Décima Sétima Sessão Ordinária e da Terceira Sessão Solene, foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 01 Emenda nº 03 ao Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 04/95 (Processo nº 2369/95); pelo Ver. Edi Morelli, 01 Pedido de Informações nº 46/96 (Processo nº 881/96); pelo Ver. Guilherme Barbosa, 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 05/96 (Processo nº 870/96); pelo Ver. Henrique Fontana, 01 Emenda ao Projeto de Resolução nº 43/95 (Processo nº 2379/95) e 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 42/96 (Processo nº 871/96); pelo Ver. João Dib, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 49/96 (Processo nº 937/96); pelo Ver. Jocelin Azambuja, 01 Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 117/95 (Processo nº 2291/95) e 02 Requerimentos solicitando sejam desarquivados o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 07/95 (Processo nº 1013/95) e o Projeto de Resolução nº 44/95 (Processo nº 2392/95), ambos deferidos pelo Senhor Presidente; pelo Ver. Luiz Braz, 01 Pedido de Informações nº 45/96 (Processo nº 876/96); pelo Ver. Luiz Negrinho, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Mário Fraga, 03 Pedidos de Providências; pelo Ver. Nereu D'Ávila, 01 Emenda nº 02 ao Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 04/95 (Processo nº 2369/95); pelo Ver. Pedro Américo Leal, 03 Pedidos de Providências; pelo Ver. Reginaldo Pujol, 01 Indicação nº 32/96 (Processo nº 884/96); pelo Ver. Raul Carrion, 02 Emendas nºs 04 e 05 ao Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 04/95 (Processo nº 2369/95); pelo Ver. Wilton Araújo, 01 Requerimento solicitando seja desarquivado o Projeto de Resolução nº 21/95 (Processo nº 1557/95), deferido pelo Senhor Presidente. Ainda, foram apregoados 03 Projetos de Lei do Executivo nºs 17, 18 e 19/96 (Processos nºs 957, 958 e 959/96). Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios nºs 127, 128, 129 e 130/96, do Senhor Prefeito Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Dilamar Machado comentou sobre projeto de sua autoria que concedia o uso de “bandeira dois” aos táxis da Cidade durante o mês de dezembro. O Ver. Luiz Negrinho solicitou providências para o esgoto da “Sanga da Morte”, comentando também projeto de sua autoria sobre os sanitários volantes. O Ver. João Dib, rememorou a gestão de Guilherme Socias Villela em Porto Alegre, discorrendo sobre a situação do trânsito de Porto Alegre. O Ver. Luiz Braz teceu considerações sobre a política de gratificações salariais implementada pelo Executivo Municipal. O Ver. Henrique Fontana reportou-se aos pronunciamentos dos Vereadores João Dib e Luiz Braz, discorrendo sobre as obras da Administração Municipal e sobre a sua política salarial. O Ver. Reginaldo Pujol comentou dados sobre o Orçamento Participativo, discorrendo sobre a institucionalização do mesmo. A seguir, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica Municipal, Tribuna Popular, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Jurandir Damin, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Porto Alegre, que falou sobre os sessenta e cinco anos da sua entidade, discorrendo, ainda, sobre a situação salarial dos metalúrgicos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Raul Carrion, reportando-se ao tema da Tribuna Popular, teceu considerações sobre a política salarial implementada no País pelo Governo Fernando Henrique Cardoso. O Ver. Antonio Hohlfeldt discorreu sobre as dificuldades do grupo teatral “Terreira da Tribo” para encontrar um local para se instalar em função de uma ação de despejo que contra este grupo corre. Às quinze horas e vinte e nove minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e trinta minutos, constatada a existência de "quorum". Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Substitutivo nº 02 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 34/94, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 124/95, discutido pelo Ver. Giovani Gregol, 28 e 40/96 e o Projeto de Lei do Executivo nº 15/96; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 27 e 35/96, este discutido pelo Ver. Edi Morelli, o Projeto de Lei do Executivo nº 14/96, discutido pelo Ver. João Dib, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/96, que, após ser discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol e José Valdir, foi retirado de Pauta pelo Senhor Presidente a fim de realizar consultas sobre a sua forma correta de tramitação; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 17/96. Às dezesseis horas os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e um minuto, constatada a existência de "quorum". Em continuidade, os Vereadores José Valdir e Giovani Gregol, formularam Questões de Ordem sobre a tramitação do Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/96, tendo o Senhor Presidente respondido que seguiria a tramitação de onde parou, conforme informação da Procuradoria da Casa. Em continuidade, o Ver. Reginaldo Pujol, em Questão de Ordem, solicitou fosse ouvida a Comissão de Constituição e Justiça acerca da tramitação do referido Projeto. Às dezesseis horas e nove minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e dez minutos, constatada a existência de "quorum", iniciando-se a ORDEM DO DIA. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Raul Carrion solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante nesta Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi aprovado, por vinte e nove Votos SIM, o Projeto de Lei do Legislativo nº 16/96, votando os Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Raul Carrion, Reginaldo Pujol – este com Declaração de Voto, Wilton Araújo. A seguir, foi aprovado Requerimento do Ver. Guilherme Barbosa solicitando seja adiada por uma Sessão a votação do Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/95. Em Discussão Geral, este, em 3ª Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 04/95, discutido pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Nereu D'Ávila, Reginaldo Pujol, Luiz Braz, Jocelin Azambuja, Maria do Rosário, José Valdir, Raul Carrion, João Dib. A seguir, o Ver. José Valdir formulou Requerimento verbal solicitando seja alterada a ordem de apreciação da matéria constante nesta Ordem do Dia para que se passasse de imediato aos Requerimentos encaminhados à Mesa, Requerimento este que, após ser encaminhado à votação pelo Ver. Jocelin Azambuja, José Valdir e Antonio Hohlfeldt, deixou de ser votado por inexistência de "quorum". Em Questões de Ordem manifestaram-se os Vereadores José Valdir, Antonio Hohlfeldt, Luiz Braz e Pedro Américo Leal acerca de Requerimento do Ver. José Valdir convidando a Senhora Nelcinda Aguirre para comparecer a este Plenário. Às dezessete horas e cinqüenta e seis minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Mário Fraga, Edi Morelli, e secretariados pelos Vereadores Fernando Záchia e Mário Fraga, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu Fernando Záchia, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Edi Morelli): Tempo de Liderança com PDT. O Ver. Dilamar Machado está com a palavra.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todos devem lembrar de quando, no ano passado, eu e mais 15 Vereadores aprovamos, nesta Casa, o Projeto que buscava recolocar na vida de uma categoria de trabalhadores da Cidade – os taxistas – a possibilidade de, apenas no mês de dezembro, receber, a título de 13º salário, uma gratificação que ficava, no mês de dezembro, em torno de 90 reais, com o acréscimo de 12% na tarifa, apenas no quilômetro rodado, em algumas horas de alguns dias. Reação do “Correio do Povo”: “Bandeira 2. A Câmara de Vereadores tem, hoje, a oportunidade de corrigir o seu próprio erro. É que vai à nova votação o Projeto demagógico e atrasado do Ver. Dilamar Machado, que estabelece Bandeira 2 durante todo o mês de dezembro. Trata-se de populismo barato”.

Reação da “Zero Hora” – Editorial: “Aumento absurdo. A Câmara Municipal aprovou, na quarta-feira, Projeto do Ver. Dilamar Machado, autorizando o uso da Bandeira 2 nos táxis de Porto Alegre de 1º a 31 de dezembro”. Aí, diz que eu falei em 13º e termina dizendo o seguinte: “Motivo bastante para que o Prefeito vete, incontinenti, o inflacionário monstrengo legislativo”.

Reação da Vera. Maria do Rosário em debate que tivemos na TV COM: “O Ver. Dilamar Machado está legislando contra o conjunto da sociedade”.

Reação do Ver. João Motta, do PT: “Esta é uma maneira simplista de resolver os direitos trabalhistas da classe”.

Reação do Secretário dos Transportes, Luís Carlos Bertotto: “Não se pode repassar para a população, de maneira tão simples, um ônus que não é dela”.

Reação da Associação das Donas-de-Casa, na palavra da Sra. Edi Mussói: “É um crime como os Srs. Vereadores dispõem do nosso dinheiro sem consultar ninguém”.

Reação da UAMPA, Sr. Pedro Dias: “Estamos num Plano em que todos os salários estão congelados e, portanto, não se justifica o aumento”.

Ver. José Valdir, era apenas a reparação de um equívoco feito pelo ex-Secretário Municipal dos Transportes da Administração Olívio Dutra, posteriormente Assessor da Fábrica de Carrocerias de Ônibus Marco Pólo, Sr. Diógenes de Oliveira, que havia retirado da Lei o direito do taxista ter, também, uma percepção de 13º. Reação do Prefeito Tarso Genro: assinou, quarta-feira, o Decreto 11.470, aumentando a tarifa do táxi, a partir de hoje, em mais de 18%, a exemplo do que fizera há mais de trinta dias, aumentando, num estranho acordo com a ATP, a tarifa do ônibus em Porto Alegre, sem consultar ninguém, sem passar pela Câmara, sem nenhuma reação dos grandes órgãos da imprensa. Itens colocados no Decreto pelo Prefeito Tarso Genro e pelo Secretário Luís Carlos Bertotto, o mesmo que diz que não se pode, através de um projeto desta Casa, apenas para trinta dias, tirar o dinheiro da população, neste aumento de 18%; 8,33% sobre todas as tarifas de todos os dias do ano. É de 8,33%, para conceder o 13º salário aos motoristas de táxi de Porto Alegre.

Não contente em dar, com o dinheiro da população, do conjunto da sociedade, o 13º salário, que a Bancada do PT me negou naquela ocasião e que o Prefeito me chamou de eleitoreiro no programa do Lauro Quadros, da Rádio Gaúcha, “porque no ano que vem – diz ele – eu respeito o vereador, é um ano eleitoral, a gente entende”. Mas o Prefeito assinou agora, a menos de seis meses da eleição, esse Decreto, dando o 13º e férias remuneradas aos taxistas de Porto Alegre. Já não chega a ser dois pesos e duas medidas. Eu considero isso uma canalhice política. É desavergonhado o político que faz isso, a menos de seis meses das eleições. Onde estão as donas-de-casa? A “Zero Hora” não publicou uma linha sequer sobre o aumento do táxi, Ver. João Dib. O “Correio do Povo”, que chamou o meu projeto de populismo barato, apenas publicou, hoje, uma notícia de que foi aumentado o táxi: “Táxi custa mais caro em Porto Alegre”. Senhores Vereadores, nesta hora, sinceramente, eu tenho vergonha de ser um homem público. Sinto vergonha de ser um homem público. Fico preocupado com o sorriso do PT. Mas que partido é esse? Qual é a explicação que vão me dar agora, Ver. José Valdir? Onde estão os Vereadores João Motta, Maria do Rosário, que me chamou de atrasado na televisão, porque eu estava contra o conjunto da sociedade? O que a senhora vai dizer, Vereadora? O Prefeito do PT deu o 13º e férias remuneradas para os taxistas. Considero-me, em nome da laboriosa classe dos taxistas de Porto Alegre, pessoalmente um vitorioso. Acho mesmo que valeu o meu sacrifício perante a opinião pública, onde colegas meus, que durante muitos anos trabalharam comigo no rádio, diziam: um Vereador como este deverá ser reeleito? Está dando marretadas com o chapéu alheio!

Neste aspecto estou feliz; no outro, com a demagogia eleitoreira do PT, estou profundamente preocupado e triste. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o Ver. Luiz Negrinho.

 

O SR. LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Quero fazer um apelo ao nosso amigo Adaucto, representante do Prefeito aqui na Casa. Porque no dia de ontem, dando um acompanhamento à denúncia de que as obras da Sanga da Morte estavam paralisadas, caminhamos desde o início até a Av. Icaraí, onde encontramos o problema que está afetando a comunidade da Vila Cristal. Num período passado já estivemos lá, alguns Vereadores desta Casa, e as obras estavam andando, agora a comunidade nos informa de que há mais de 30 dias o DEP deixou de trabalhar na Sanga da Morte.

Quem for na Zona Sul poderá constatar, na Av. Icaraí, o que está acontecendo: o esgoto, fezes, animais, tudo o que sai pela Sanga da Morte está ali parado, porque houve um entupimento das galerias que ultrapassam a Av. Icaraí.

Hoje pela manhã tentamos contato com representantes do DEP na Zona Sul, era em torno de 10h30min, e fomos informados que os funcionários responsáveis não tinham chegado no setor. Perguntei a eles quem resolveria o problema. Ninguém sabia me informar, pois uma pessoa passou a responsabilidade a outra. O que me deixou bastante preocupado é que essa mesma comunidade, com a chuva que caiu no sábado, tentou, várias vezes, ligar para o plantão do DEP para dizer que as suas casas estavam sendo invadidas pelas fezes – e eu verifiquei isso ontem, as pessoas tiveram que colocar pedaços de compensado, porque havia restos de animais entrando em seus terrenos – e lá também não encontraram ninguém que pudesse socorrê-los. Faço esse apelo porque, ao constatar o problema hoje, pela manhã, vi que era mais grave do que observei ontem à tarde.

Não quero só fazer críticas, mas também quero fazer um elogio à SMOV pela agilidade com que está tratando o problema dos moradores que estão sendo despejados da Rua Comandaí. Há um interesse em resolver o problema e há um sentimento de que as coisas podem ser resolvidas de uma maneira amigável.

Concluindo, eu queria dizer que tinha um assunto a tratar, mas vou deixar para quarta-feira, que é sobre os sanitários volantes, e que se constatou, na última Feira do Peixe, a necessidade desses sanitários. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje devo começar uma série de pronunciamentos sobre Porto Alegre 21 anos. Há exatamente 21 anos um jovem assumia a Prefeitura de Porto Alegre, Guilherme Socias Villela, com uma responsabilidade muito grande de substituir um extraordinário Prefeito que havia feito a cirurgia urbana mais urgente e mais necessária para que esta Cidade pudesse continuar a se desenvolver. E esse jovem começava muito bem, fazendo um programa Porto Alegre Urgente para atender todos os pequenos problemas desta Cidade. Mas ele não ficou apenas nos pequenos problemas, ele fez a Vasco da Gama, fez a Érico Veríssimo, Aureliano Figueiredo Pinto, Augusto de Carvalho; ampliou a capacidade de tratamento das hidráulicas; instituiu um novo Plano Diretor; o Porto Seco. O que ele fez de habitação popular eu teria que levar uma hora descrevendo. Então, esse Prefeito sabia que tinha que cuidar da Cidade, e o fez com um carinho extraordinário. Construiu, sim, na Secretaria Municipal de Transportes, uma equipe de técnicos que foi respeitada em todo Brasil, várias vezes afirmado pelo Ministério dos Transportes que a melhor equipe de trânsito e transporte neste País era de Porto Alegre. Agora, nós precisamos trazer da África do Sul para dizer o que vai ser feito em Porto Alegre. Há de ser um milagre se eles conseguirem dizer. Mas, não fôra o Prefeito Villela, nós não teríamos os corredores de ônibus que, de repente, a “competente” – entre aspas – equipe de trânsito, de tráfego, planejamento, lá da Secretaria de Transportes é capaz de tornar sem efeito.

E hoje, quando eu vinha para cá pela Protásio Alves, eu pensava: não tivesse o Prefeito Villela feito os corredores de transportes e todas as obras que acompanharam a execução dos corredores, esta Cidade não se movimentaria. Mas lá, no dia 8 de abril de 1983, também me cabia a responsabilidade de substituir esse extraordinário Prefeito Guilherme Socias Villela, há 13 anos! E eu dizia, no meu primeiro pronunciamento: O grande problema desta Cidade é o somatório dos seus pequenos problemas. E a minha equipe resolverá todos os que puder, mas afirmo desde já que não criaremos mais nenhum.

Agora, essas administrações que me sucederam, especialmente essas que estão há 7 anos, 3 meses e 8 dias na Prefeitura e que, segundo seu livro, aqui “O Desafio da Mudança”, na página 16, mostra que os 3 anos em que a Prefeitura teve menos dinheiro nos últimos 20 anos, foi 1983, 1984, 1985. Estão criando problemas para toda a população. Hoje mesmo eu fui olhar a alteração fatídica feita na Nilo Peçanha, onde ruas que foram construídas para tráfego leve, para tráfego absolutamente local, onde só têm residências, passaram a ser utilizadas para tráfego pesado, como fizeram na Praça Japão. É a incompetência instalada, é a incompetência querendo destruir esta Cidade. Por que lá? Porque, talvez, na rua Desembargador Espiridião Medeiros só tenha habitações unifamiliares e, talvez, o Prefeito que mora bem, numa boa cobertura, não aceite que outras pessoas desta Cidade no passado tenham construído as suas casas em local para que pudessem descansar, e ele não aceita que descansem.

Então, tem que fazer desviar o trânsito pela Desembargador Espiridião Medeiros e também pela José Antônio Aranha, onde morei como Prefeito. Eu não tinha visto tanto trânsito naquela rua, mas é que a administração da Prefeitura que fez a fatídica obra da rodoviária, que continua experimentando para ver se vai dar certo e não está dando, pensa que sem obras eles conseguiriam fazer um milagre; como fizeram na Sertório que neutralizaram uma quadra inteira porque, segundo o Prefeito, quando ainda candidato, dizia que “latas de tinta resolverão o problema de trânsito desta Cidade”. Eu faço, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma análise criteriosa desses 21 anos, desde do 08 de abril de 1975 até 08 de abril de 1996, que não poderá ser contestada com simplicidade: Esta administração está infelicitando esta Cidade.

Encerro, Sr. Presidente, dizendo que não tendo dinheiro não fiz nenhum empréstimo de 216 meses para fazer obras, absolutamente eleitoreiras, do Orçamento Participativo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, eu vou fazer primeiramente uma autocrítica e posteriormente eu farei uma crítica. A autocrítica é com relação a ação dos Vereadores desta Casa ao aprovarem a gratificação de incentivo técnico dentro da Lei nº 7690. Nós estávamos, naquele momento em que ajudamos a fazer a aprovação, consubstanciando uma grande discriminação com os professores e aqueles que, na verdade, dão a sua vida para que o ensino dentro do Município de Porto Alegre possa ser realizado de um modo melhor. E essa discriminação se dá porque dentro dessa mesma Lei nós acabamos fazendo com que cargos de confiança, dentro da SMED, recebessem essa gratificação por incentivo técnico que os professores da rede, infelizmente, não podem receber. Esta é uma autocrítica que fazemos e que podemos corrigir, simplesmente, retirando dessa Lei 7.690, o parágrafo Único do artigo 2º que foi, inclusive, uma proposta que foi feita quando da votação do projeto aqui nesta Casa e que, infelizmente, não passou.

Agora, eu faço uma crítica ao Governo Municipal, com relação à forma como ele está manipulando a GIA porque a Gratificação por Incentivo Técnico foi aprovada por esta Casa, mas de maneira correta, a Gratificação por Incentivo à Arrecadação. Essa gratificação é dada para todos os funcionários que manuseiam com valores. Quando chegou à hora da regulamentação, aí veio, na verdade, a discriminação que estava sendo feita por parte do Executivo Municipal, por parte do Sr. Prefeito Municipal. Os funcionários da Fazenda e os funcionários do CEDRE, da SMA, esses, na verdade, recebem a GIA no valor de uma FG 6, enquanto que todos os outros funcionários das outras Secretarias, que também mexem com valores, apesar de fazerem o mesmo serviço daqueles que estão localizados na Secretaria da Fazenda e na SMAM, recebem uma FG 2. Não é a Lei que diz isso, quem diz isso é a regulamentação da lei, que não poderia, de forma alguma, sair daqueles limites traçados pela legislação que foi aprovada por esta Casa.

Por causa disso mesmo, os funcionários da SMED, neste mês, se negaram a repassar a Vale Alimentação e Transporte para aqueles funcionários, a fim de que o Governo pudesse negociar. Ao invés de negociar com eles, este Governo que não negocia, que é autoritário e é ditatorial, resolveu pegar aquela quantia referente ao vale alimentação e repassou para os contracheques dos funcionários da SMED, afim de que eles não precisassem receber das mãos dos funcionários, que eram responsáveis por esse repasse, o vale alimentação; para isso, é claro, foi preciso fazer a alteração por parte da PROCEMPA no contracheque dos funcionários.

Fizemos aqui um Pedido de Informações querendo saber quanto o Município gastou com a PROCEMPA para fazer essa alteração. Uma coisa que não dá para explicar é que o vale transporte que era distribuído aos funcionários e que deveriam estar recebendo a GIA para fazer o serviço, o vale transporte foi distribuído por outras pessoas que começaram a prestar serviço dentro da SMED, afim de que a Lei pudesse ser burlada da pior forma possível e afim de que os funcionários, não apenas da SMED que estão reclamando os seus direitos, mas todos os funcionários que mexem com valores dentro do Município de Porto Alegre pudessem receber aquilo que a Lei diz e que não é cumprido com relação aos funcionários da Fazenda e da SMAM, mas que, infelizmente, parece que com os outros e, eu não sei porquê, esta discriminação. É exatamente em cima dessa discriminação que nós fizemos dois Pedidos de Informações, nesta Casa, porque esses Processos, inexplicavelmente, estão parados.

Os funcionários esperam apenas uma resposta do Executivo do porquê esta lei não está sendo cumprida. Por que esta Lei não consegue fazer com que todos possam ser alcançados por suas benesses? Os funcionários estão esperando essa resposta, com alguém sentado em cima desse Processo, enquanto os amigos do rei continuam recebendo e aqueles que são a plebe, dentro deste Município, continuam apenas esperando que a lei possa ser cumprida para todos e não apenas para os amigos do rei. Muito obrigado. (Palmas).

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: Informamos aos presentes que não são permitidos aplausos ou vaias. Infelizmente, é o Regimento da Casa.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Aos Vereadores é permitido ou não aplausos ao orador na tribuna?

 

O SR. PRESIDENTE: Aos Vereadores é permitido.

 

O SR. JOÃO DIB: Se os Vereadores aplaudem, a galeria poderia fazer a mesma coisa, é seqüência.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, V. Exa. é quem tem mais experiência dentro desta Casa, mais do que este Vereador. Embora essa Casa seja do povo, ele não tem a sua vontade expressa dentro da Casa. Infelizmente é isso o que acontece, pois é o que expressa o Regimento o qual temos que seguir, e por isso tomamos essa medida.

O Ver. Henrique Fontana está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e servidores do Município aqui presentes. Gostaria de dedicar, rapidamente, uma palavra ao Ver. Luiz Braz e aos servidores que estão debatendo a questão do GIA. De fato, é importante que se estabeleçam negociações entre o Executivo e os Servidores, entre o Sindicato dos Servidores e o Executivo municipal.

Esta Câmara tem sido palco, em muitos momentos, de demagogia explícita com relação à demandas de servidores. Um dos momentos em que se propiciou um desses processos de demagogia foi na época da discussão do reajuste mensal de salários. Nós todos entendíamos como uma reivindicação justa dos trabalhadores, em nível nacional, que foi negada pelo partido do Ver. Luiz Braz, que costuma vir a esta tribuna para defender os interesses dos servidores municipais. Acho que é correto que se instale, a todo o momento, discussões sobre reivindicações legítimas dos servidores que sempre precisam e merecem ganhar mais e melhor do que estão ganhando. Agora, não é possível que partidos políticos, como o PTB que, em nível nacional, participa de um governo que congelou o salário mínimo há mais de um ano e meio, venham a esta tribuna para instalar a demagogia e apresentar-se como os defensores do que seria uma política salarial justa e digna. É preciso sim, Ver. Luiz Braz, que V. Exa. pressione o seu partido a nível nacional e nível estadual para que modifique as suas posturas porque não é razoável que Porto Alegre seja vista como uma ilha fora dos acontecimentos que ocorrem neste País, se entendemos como correta a negociação que se instala entre uma parcela de servidores e o Executivo Municipal, no sentido de eventualmente melhorar as condições de trabalho dos servidores, não podemos aceitar a lógica proposta pelo Ver. Luiz Braz que sempre esquece de olhar a conjuntura política nacional e a forma como o seu partido se comporta ao apoiar um governo que, como disse, congela o salário-mínimo durante um ano e meio neste País, ao contrário da política salarial vigente neste município que é de reajustes bimestrais, é insuficiente sim, mas muito superior ao reajuste praticado a nível nacional e estadual.

Gostaria de colocar ao nobre Ver. João Dib que se ele propõe um debate chamado “Porto Alegre 21 anos”, eu aceito, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, em nome da Frente Popular que inclui o PPS e outros partidos, em nome do atual governo municipal, esse debate é bem-vindo sim, nós queremos os dados, nós queremos comparar como foi uma administração, como foram as outras administrações, e colocamos, com toda a convicção, que nesses 7 anos não foi possível resolver tudo o que Porto Alegre necessita mas muitas coisas foram resolvidas. Quem diz não é este vereador que está na tribuna, mas a população de Porto Alegre, que avalia a atual gestão municipal, e avalia não como V. Exa. que seguramente faz parte de um daqueles 11% que entende que a atual administração é ruim para Porto Alegre. Respeito democraticamente a sua opinião, mas essa não é a opinião da maioria da população de Porto Alegre, e contraponho, já que meu tempo é curto, com um dado já que V. Exa. trouxe tantos, numa espécie de plêiade ou metralhadora giratória. Quando assumimos a Administração Pública do Município de Porto Alegre, eram prestados na rede pública municipal de atenção à saúde noventa e cinco mil atendimentos ambulatoriais por ano, e o número que apresentamos hoje, um número superior a setecentos mil atendimentos ambulatoriais por ano, um aumento de 50% do quadro de servidores de saúde do Município, e nós queremos debater sobre quais são os conceitos de uma administração ou de outra; se Porto Alegre precisa de obras e as têm recebido, ela também precisa de políticas sociais, de saúde, de educação e isso tem recebido em dose muito adequada, mas com grande esforço, sendo que os governos que V. Exa. defende não tinham essa mesma dedicação às políticas sociais.

Os números estão aí, e a população acompanhará esses debates, fazendo seu julgamento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, pelo tempo de Liderança.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, por diligência do Ver. Nereu D'Ávila, na quarta-feira, depois do feriado, recebemos elementos a respeito do Orçamento Participativo, sendo que essa matéria está sendo examinada pela Comissão Especial da Casa.

Confesso que os elementos que recebi e que os li na sua integralidade, não contém nada que modifique as opiniões que coloquei, anteriormente, a respeito do assunto, ao contrário, há reforço, especialmente quando leio no art. 1º do Regimento Interno do Conselho Municipal do Plano de Governo e Orçamento, que este é o órgão de participação direta da comunidade, vinculado, administrativamente, ao Gabinete do Prefeito. Depois de ler o primeiro artigo, que é o que encaminha, em qualquer regimento, todos os demais, não tenho a menor dúvida de reafirmar a posição que venho colocando nesta Casa há tempo, de que o Orçamento Participativo é a Camarazinha de Vereadores do Prefeito Municipal, e a ele subordinada, subjugada e tutelada para fazer o mascaramento para a opinião pública, transferindo a responsabilidade pela não-resposta a inúmeras reivindicações da Cidade, ao Conselho do Orçamento Participativo que é jogado como elemento de vitrina da Administração Popular.

Não posso acreditar que os números oferecidos pela Administração Municipal não sejam verdadeiros. Então fiquei, absolutamente, perplexo ao ler o Plano de Investimentos, decorrente, segundo eles, da ação do Orçamento Participativo e, afirmo que só influencia em cerca de 30% dos investimentos do Município. E, no máximo, em 5%, quando muito, do Orçamento geral do Município, ficando apenas no plano de investimentos.

Observo, por exemplo, que essa é uma das inúmeras constatações que fiz numa leitura rápida, que o Bairro Restinga receberá, por esse plano de investimento que movimenta 140 milhões de reais, aqui, declarados, ao longo deste ano, 1996, a grande quantia de 268 mil reais; está escrito na pág. 23, do Plano de Investimento. E não é o Ver. Reginaldo Pujol quem está afirmando, mas, sim, o Prefeito Tarso Genro, quem assina; divulgação da Prefeitura Municipal, do Governo do Partido dos Trabalhadores, Governo da Frente Popular.

Ora, Sr. Presidente, esses 268 mil reais, num conjunto de 104 milhões de reais, representa que o Município irá, durante o ano de 1996, empregar na Vila Restinga 0,2% do seu orçamento de investimento para o todo populoso Bairro da Restinga. Receberá da Administração Popular que diz atender aos reclamos de toda a população: 0,2%. E, pasmem, em áreas como a da saúde pública – friso bem -, que é, sabidamente, uma reivindicação fortíssima da comunidade da Restinga. Sabem quanto o Município vai aplicar em saúde pública na Vila Restinga? Nada, zero investimento em saúde pública na Vila Restinga. Essa é a ação popular do Governo do PT, em favor do Bairro Restinga.

Hoje, estou trazendo só a Vila Restinga, o resto virá depois. Têm fatos aqui que são estarrecedores, exemplo: o maior investimento previsto na Vila Restinga, Vereador-Presidente, V. Exa. que é morador daquele Bairro, é a pavimentação da Rua B, da 5ª Unidade, onde são previstos 212 mil reais, condicionada dependendo da remuneração de cerca ou de muro feitos pelos moradores; se os moradores não fizerem isso, cai nos 212 mil reais, e todo o investimento do PT, na Restinga vira 52 mil reais.

Eu não tenho, na minha máquina de calcular, possibilidade de ver o percentual que ele representa, porque é de tamanha insignificância que só serve para comprovar que esse Orçamento Participativo de popular não tem nada, e que o PT não pode estar com essa bola toda, que está dizendo que tem, que vai ganhar de novo as eleições em Porto Alegre, porque eu não acredito na cegueira geral dessa comunidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, dada a presença dos funcionários da SMED e de outras Secretarias também, aqui neste Plenário, que estavam esperando uma resposta por parte do PT, com relação à GIA, e dado que essa resposta não foi dada a V. Exa., apenas para que os funcionários possam continuar as suas atividades normais, que infelizmente as respostas que eles esperavam por parte do Partido do Governo ...

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa agradece a manifestação de V. Exa., mas esta não é Questão de Ordem.

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Jurandir Damin, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Porto Alegre, está com a palavra pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. JURANDIR DAMIN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, companheiros presentes, originalmente, nós pedimos este espaço, no mês passado, mas em função de problemas de agenda, não foi possível o nosso comparecimento antes na Casa.

Queria informar que, no dia 19 de março, o Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, com base territorial em 8 municípios na Região Metropolitana, completou 65 anos da sua fundação. 65 anos de uma trajetória de luta em defesa dos interesses dos trabalhadores, e nesse período forjou lideranças inclusive como o Ex-Vereador José de Mesquita, que foi Presidente desta Casa, foi Presidente de nossa entidade por muitos anos e construtor do nosso Sindicato. Pedimos este espaço, porque queríamos, neste momento, no Legislativo de Porto Alegre, manifestar as preocupações do segmento chamado Movimento Sindical sobre a situação em que os trabalhadores se encontram.

Entendemos que é importante trazer essas preocupações para que se possa fazer uma reflexão, já que nesta Casa nós temos a representação de partidos que têm responsabilidade, não apenas no nosso Município, mas em nível nacional com uma política mais geral. Entendemos nossa obrigação trazer alguns fatos da situação em que os trabalhadores estão vivendo. Um dos pontos fundamentais da conjuntura em que estamos vivendo é o problema do desemprego. Temos que manifestar que, de parte da nossa categoria dos metalúrgicos, nos encontramos em uma situação extremamente grave. Podemos citar alguns exemplos: afora as dezenas de fábricas que fecharam suas portas, muitas vezes, seus trabalhadores não receberam seus direitos e tramitam na Justiça ações para que se garantam esses direitos.

Temos fábricas, e vou citar uma aqui, no Município de Porto Alegre, que tinha 1700 funcionários e que, ao longo dos últimos 10 meses, reduziu o número de funcionários; hoje não passa de 900 trabalhadores, uma empresa de porte, instalada na Av. do Forte. Esta é uma realidade de muitas empresas. Nós vemos muitos trabalhadores procurando as entidades sindicais, procurando um vale-transporte, um vale-refeição para poder continuar se sustentando, procurando emprego e não conseguindo. Nós queríamos trazer esta realidade, trazer estas informações; uma redução de uma categoria, que tinha 52 mil trabalhadores, há 10 anos, e hoje não passa de 30 mil, para que isso possa ser refletido por quem têm responsabilidades sobre esta situação. Nós não devemos pensar que isso é natural, que isso acontece porque a História, através do seu desenvolvimento, faz isto, situação que os trabalhadores estão vivendo, têm responsabilidades político-administrativas. Ao completar 65 anos do nosso Sindicato, vemo-nos na obrigação de trazer publicamente esta realidade. Nós estamos iniciando mais uma campanha de renovação do Contrato Coletivo de Trabalho que ocorre anualmente nesse período, data base em 1º de maio. Hoje, nós vamos ter a primeira reunião entre os Sindicatos dos empresários e o nosso de negociação em torno das cláusulas salariais e de condições de trabalho. Nós queremos informar à Câmara e gostaríamos que os Senhores pudessem acompanhar esse processo, porque na conjuntura está colocada a liberação do preço do combustível, por exemplo, sem tabelamento e isso significa o aumento do custo de vida e o congelamento que temos no salário. A nossa categoria profissional vai desenvolver esta campanha no sentido de buscar a recuperação dos salários que estão defasados, já que nós não temos política de reajustamento salarial no País. Contamos com o apoio do Legislativo de Porto Alegre em relação a isso. Nós queremos manifestar essa preocupação, sei que é uma preocupação não apenas dos metalúrgicos, e como representamos a entidade a estamos trazendo.

Nós participamos, na semana passada, na Assembléia Legislativa, de um debate onde participou o Senador Suplicy e o Deputado Federal Germano Rigotto, o Proponente, Suplicy, da proposta de Renda Mínima para todos os brasileiros, e o deputado Rigotto como Relator desse projeto na Câmara Federal. Achamos que entre outras medidas que poderíamos tomar neste País para enfrentar o problema da miséria e do desemprego, além de políticas de geração de emprego e distribuição de renda, deveríamos olhar com muito carinho esse projeto de Renda Mínima porque segundo dados do Deputado Germano Rigotto, hoje, beneficiaria em torno de quarenta milhões de brasileiros e é um projeto realizável se tivermos vontade política. Estive, pela manhã, no município de Guaíba que é base do nosso Sindicato onde pudemos participar de uma manifestação, na porta de uma empresa metalúrgica, dos trabalhadores rurais sem terra que estão se dirigindo para Porto Alegre. Não se enfrenta o problema de desemprego se não se enfrentar o problema agrário do País, se não se tem uma política de crescimento econômico de geração de emprego; não se enfrenta o problema da miséria se não tivermos políticas públicas conforme o Senador Suplicy apresentou a sua proposta e conforme o Deputado Germano Rigotto manifestou o seu apoio como Relator.

Estamos, hoje, agradecendo o espaço que a Câmara nos concede para podermos manifestar essa nossa realidade e essas nossas preocupações entendendo que a partir daqui nós poderemos repercutir essa realidade que é responsabilidade de todos nós; uns mais, outros menos. Uns com a responsabilidade de Governo; outros com a responsabilidade de legisladores públicos. Temos que pensar a responsabilidade que cada um de nós tem diante da situação que nosso País está vivendo. Qual a responsabilidade sobre as propostas de projetos que nós, como cidadãos, como políticos, membros dos Partidos que governam o País, temos diante dessa situação?

Por último, gostaria de ler um pensamento do glorioso Bertolt Brecht: “Quem não conhece a verdade é apenas um imbecil. Mas, quem a conhece e a chama de mentira é um criminoso”.

Agradeço ao Sr. Presidente, aos Srs. e Sras. Vereadores pelo espaço. Muito obrigado.

Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Sr. Jurandir integrar a Mesa. O Ver. Raul Carrion está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, companheiro Jurandir Damin. Tivemos a oportunidade de acompanhar muitas batalhas comuns no nosso Sindicato, de participarmos de chapas, de comissões de negociação e de greves. Para nós, a presença do Sindicato dos Metalúrgicos nesta Casa, expondo as dificuldades e os problemas que, não só os metalúrgicos, mas o conjunto dos trabalhadores, enfrentam hoje, no Brasil, nos dá a oportunidade de abordarmos algumas preocupações e analisarmos algumas questões sobre o que ocorre no País.

Em primeiro lugar, é uma questão clara como a luz do dia a situação de grandes dificuldades por que passam os trabalhadores, em todo o Brasil, diante da maior investida que tenho conhecimento contra os seus direitos. O que hoje está sendo posto em jogo, no Brasil, são conquistas dos trabalhadores conseguidas no decorrer do século, e algumas conquistas que o conjunto dos trabalhadores do mundo conseguiu, desde o século passado, em suas lutas históricas. Estamos vendo, a nível da Previdência Social, tudo encaminhando-se no rumo da sua privatização, da liquidação de uma série de conquistas históricas.

Vemos esse desemprego, de que nos fala o Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, crescendo, mas, ao mesmo tempo em que cresce o desemprego urbano, cresce o número de trabalhadores sem carteira assinada, cresce o êxodo rural, que é um motivo de aumento dessa quantidade de desempregados.

E o mais interessante – chamava a atenção um economista na semana passada – é que hoje o desemprego é apresentado pela mídia como ascensão social! No Jornal Nacional diziam os repórteres: “Os desempregados estão tendo uma oportunidade de mudarem de vida. São novos empresários que surgem ...” Aí, enfocavam um engenheiro que saiu da empresa e abriu um “botequinho”, o SEBRAE dando orientações. Quer dizer, o desemprego já não é mais um coisa ruim, é uma coisa boa neste Brasil do Sr. Fernando Henrique Cardoso! E esquecem de dizer que as micro, as pequenas, as médias, as grandes empresas estão quebrando também. Os pequenos agricultores estão quebrando. A agricultura está sucateada. Mas, como a mídia tem esse poder imenso, é “ascensão social”. O cara está torcendo para ser desempregado, pegar mil reais colocar no bolso e virar empresário ... Vejam a situação em que vive, hoje, o trabalhador.

Mas não é só isso, caro amigo Jurandir, prezados Vereadores; estamos vendo questões como a estabilidade do funcionário público, que está sendo quebrada! Como se a estabilidade fosse algo pessoal, não fosse uma conquista da sociedade brasileira para evitar o empreguismo, para evitar o uso da máquina pública no interesse dos governantes de plantão ... Uma conquista histórica do nosso povo está sendo jogada fora.

O fim do contrato de trabalho! Eu recebi hoje, os Srs. Vereadores também devem ter recebido, um convite da Delegacia Regional do Trabalho para escutar o Paulinho, de São Paulo, um “arquipelego” ... Um “arquipelego” que vem aqui falar para acabar com a carteira assinada e criar o chamado “contrato temporário de trabalho”!

Esse o quadro dantesco que os trabalhadores estão vivendo. Nesse sentido, eu queria destacar duas iniciativas: uma mais importante, evidentemente, que é dos Deputados Inácio Arruda, Deputado do meu Partido, PC do B, do Ceará, e Paulo Paim, do PT, do Rio Grande do Sul que, conjuntamente, ingressaram com um Projeto no Congresso Nacional reduzindo a jornada de trabalho para 40 horas no Brasil; como uma das formas de enfrentar essa onda de desemprego frente ao grande avanço da tecnologia e da produtividade. Ao mesmo tempo, eles criam a alíquota de 75% sobre as horas extras, como mais uma forma de proporcionar mais empregos. O outro Projeto, menor, é da minha autoria, que torna viável e factível a passagem-desemprego para o desempregado na Cidade de Porto Alegre. Algo que o ilustre Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos levantou, como uma das preocupações.

Concluo, saudando a presença do Sindicato dos Metalúrgicos através do seu Presidente e colocando a solidariedade do PC do B com a luta dos metalúrgicos e dos trabalhadores em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra, em tempo de Liderança.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Saúdo a presença do companheiro da liderança dos metalúrgicos aqui na Casa. No entanto, quero me ater a outro tema, que não envolve a colocação feita pelo companheiro, mas é um tema que, igualmente, me preocupa em termos da Cidade de Porto Alegre.

Há dois anos neste mesmo Plenário, nesta mesma tribuna, tive a oportunidade de formalizar a solicitação dos companheiros da Terreira da Tribo no sentido de que a Prefeitura de Porto Alegre, através da Secretaria de Cultura, tomasse providências, encaminhasse, abrisse uma negociação com os proprietários da área onde se localiza o teatro da Terreira, na José do Patrocínio, 157, para viabilizar ou uma permuta de área, ou uma permuta de área por índices, ou simplesmente a desapropriação daquela área para viabilizar a permanência do grupo, que já tem a sua história em Porto Alegre e, pelo menos nos últimos 10 anos, ali, na José do Patrocínio. Srs. Vereadores, todos devem ter visto, na semana passada, exatamente, no momento em que o grupo completa dezoito anos de história e que há o reconhecimento internacional, pois o grupo está viajando para a Alemanha, a convite do governo alemão para participar de três diferentes festivais com a montagem de Fausto, de Goethe e que realizaram aqui no ano passado com toda a qualidade da produção. Pois, vejam os senhores, que, neste momento, a manchete do Jornal do Comércio do dia 29 referiu-se a uma carta que falava sobre o despejo que o grupo enfrenta, e acho que, provavelmente, muitos ou todos os senhores a receberam.

Há dois anos, Ver. Fontana, pessoalmente, estive no gabinete do então Secretário da Cultura, hoje, Presidente Municipal do PT, companheiro Pilla Vares, entregando um enorme dossiê, enorme, do ponto de vista da riqueza dos dados, da história do grupo, das propostas alternativas; estive junto da hoje titular da cultura, professora Margaretti Moraes; estive, inclusive, com dois dos herdeiros do antigo proprietário da área, no sentido de que se abrisse uma proposta, tendo em vista que se hoje existe um grupo que caracteriza o teatro de Porto Alegre é, sem dúvida alguma, a Terreira da Tribo. A Terreira da Tribo, aliás, tem sido aliada do Partido dos Trabalhadores, da Administração Popular, participando das representações centralizadas, de teatro de rua, enfim, badalando as conquistas da atual administração. Mas pelo jeito não tiveram nenhuma atenção em relação à sorte, ao futuro da sede onde esse grupo desenvolve seu trabalho em Porto Alegre.

Eu esperava uma manifestação imediata da Secretaria da Cultura no sentido de não haver despejo, mas o que vi até agora, dez dias depois, foi um silêncio absoluto, pelo menos do ponto de vista público.

Eu venho aqui, em primeiro lugar, fazer o registro do fato, porque nós envolvemos esta Casa, e o Ver. Luiz Braz deve lembrar, pois chegamos a propor, na época, quando estávamos discutindo o cinema Capitólio, e discutindo algumas outras questões de prédios, de imóveis, e que, alternativamente, encontramos as soluções sem prejuízo para ninguém. Ninguém saiu perdendo; nem a Prefeitura, na representação da Cidade; nem a Cidade, porque continuamos com os seus espaços culturais. Agora, dois anos depois, ao que parece, as coisas não andaram, pelo menos no que se refere à Terreira da Tribo. O despejo está anunciado e eles têm trinta dias para deixar o local. Eu lamento, porque, embora, talvez, partidariamente, hoje, estejamos tão distantes, do ponto de vista da cultura parece-me que não se tem partido e a contribuição da Terreira da Tribo é fundamental para Porto Alegre, para o Rio Grande do Sul e até para o Brasil, haja vista o convite que receberam para ir à Alemanha. Eu falava com o Paulo Flores, que está retornando de Bonn e de Frankfurt, onde foi ver os locais onde será montada a cenarização, porque é uma cenografia fantástica da encenação. Então, a Alemanha reconhece e valoriza um grupo de Porto Alegre e o município de Porto Alegre não consegue sequer encaminhar uma negociação com a família proprietária da área, que eu não sei qual poderia ser. As alternativas eram várias, mas o risco que temos agora é a expedição, obrigando o grupo a sair do local. Se isso acontecer vamos perder um espaço e, quem sabe, um grupo que é fundamental na história do teatro de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): Agradecemos a presença do Sr. Jurandir, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Porto Alegre, que discorreu sobre a situação da categoria.

Suspendemos a Sessão para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h29min).

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h30min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos à

 

PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 2422/94 – SUBSTITUTIVO Nº 02 ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 034/94, ambos de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que cria o Conselho Municipal de Cultura, com base na Lei Orgânica do Município e das Leis Complementares nºs 267 e 293, de 16.01.92 e 28.04.93, respectivamente, oficializa a Conferência Municipal de Cultura, e dá outras providências.

 

PROC. 2334/95 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 124/95, de autoria da Vera. Helena Bonumá, que dispõe sobre coleta seletiva de lixo reciclável, realizada por papeleiros.

 

PROC. 0652/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 028/96, de autoria do Ver. Nereu D'Ávila, que inclui § 2º e § 3º e transforma o Parágrafo único em § 1º, no art. 1º da Lei nº 3187, de 24 de outubro de 1968, que estabelece normas para a exploração do Comércio Ambulante, e dá outras providências.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 0650/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 027/96, de autoria da Vera. Maria do Rosário, que denomina Rua Portal dos Pinheiros um logradouro irregular localizado na Lomba do Pinheiro.

 

PROC. 0778/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 035/96, de autoria do Ver. Milton Zuanazzi, que autoriza a destinação de áreas específicas em locais públicos para a fixação de fotos de crianças desaparecidas.

 

PROC. 0810/96 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 014/96, que cria e extingue cargos de Provimento Efetivo no Plano Classificado de Cargos do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Motorista, Operador de Máquinas Especiais e Operário).

 

PROC. 0603/96 – PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 001/96, de autoria do Ver. José Valdir, que altera o § 2º do Art. 50 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre (participação popular nas etapas que envolvem o orçamento da CMPA).

 

PROC. 0811/96 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 015/96, que autoriza a alienação de imóvel à Rua Dr. Alberto Viana Rosa, lote nº 11, da Quadra 06, Matrícula 67.389 do Registro de Imóveis da 3ª Zona, e dá outras providências.

 

PROC. 0830/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 040/96, de autoria do Ver. João Dib, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Médico José de Jesus Peixoto Camargo.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0546/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 017/96, de autoria do Ver. Paulo Brum, que torna obrigatório o trânsito com faróis baixos ligados dos veículos automotores de qualquer categoria, nas vias públicas do Município de Porto Alegre, durante o dia.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Desde que eu não recebi nenhuma informação diferente, vou continuar discutindo esse Projeto do Prefeito que cria e extingue cargos de provimento efetivo no plano classificado de cargos do Departamento Municipal de Água e Esgotos – DMAE. Cria cargos de motorista, operador de máquinas especiais e extingue cargos de operário.

Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Prefeito assina um documento, e a assinatura do Prefeito, para mim, é totalmente válida, dizendo que oferece, como contrapartida à criação dos cargos e ao preenchimento dos mesmos, porque são essenciais e necessários ao Departamento de Água e Esgotos, a extinção de 42 ou 43 cargos de operários. Isso não pode ser contrapartida financeira, porque, se ele vai extinguir os cargos é porque eles não estão preenchidos. Então, como não me foi explicado nada até agora, eu continuo pensando que é mais uma das manobras que o Executivo faz para tomar o dinheiro dos servidores municipais, porque, com isso, ele está dentro da Lei Camata. Ele não considera o DMAE igual, mas dentro da Lei Camata ele está passando dos índices permitidos. É igual àquele Projeto que aqui está para extinguir o PASEP na Prefeitura, também não deram explicação, apesar de alertado que precisava explicar. Como vai-se tirar aquilo que foi criado para fazer um fundo para os servidores municipais? O Prefeito, por um canetaço, sem dar explicação, está tornando sem efeito. Eu gostaria que a diligentíssima liderança do PT nos esclarecesse isso, porque, quando eu fui falar em “Porto Alegre 21 anos” já trouxeram problema social que foi enfrentado, galhardamente, no passado, sem que se fizesse publicidade. Mas aqui estão extinguindo cargos, portanto, eles não estão preenchidos, e oferecendo a extinção como contrapartida financeira. Isso é brincadeira.

É por isso que eu tenho um requerimento que deveria ser votado com muita urgência, porque a administração que aí está é habilíssima nas manobras para tirar dos municipários os seus direitos, os seus salários. Depois, faz grandes discursos, falando em assistência social, quando esquece que tira dos servidores, como está fazendo nesse projeto, a oportunidade de melhorar os salários.

É por isso que eu queria que uma comissão desta Casa acompanhasse o dissídio dos municipários para que não ocorresse o que ocorreu no ano passado, pela força. Fazendo retroagir leis para prejudicar, o que contraria o Código Civil, o Prefeito tornou 11% igual a 3,6%. Eu estou preocupado com essa extinção de cargos e a criação de novos cargos. Muita gente era capaz de discutir se não seria mais barato para o Departamento manter veículos contratados, ao invés de comprar veículos e enquadrar motoristas que passarão o resto da vida recebendo pela Prefeitura; operador de máquinas especiais, esse sim, eu acho que não tinha como deixar de fazer, para que o DMAE fosse melhor do que ele está sendo agora, melhor do que ele já foi um dia, mas que não está tão igual ao que foi no passado.

É preciso que eles criem novas oportunidades para os seus servidores crescerem, adaptarem-se, amarem o DMAE, porque esqueceram de amar, já que lá as coisas não estão sendo feitas como de resto em toda a Prefeitura, no sentido de buscar a melhor solução, mas, sim, a melhor posição para o companheiro. Isso não está certo.

Eu fico aguardando que me seja esclarecido como é que quarenta e três cargos que serão extintos, por não estarem ocupados, servem de contrapartida financeira para provimento de vinte e oito outros cargos que, no somatório, representam mais salário do que aqueles 43 cargos que a Prefeitura pretende extinguir. Não sei se não seria de manter, no quadro, muito mais operários, dando muito mais oportunidade de trabalho, porque o operário não teria que ser especializado; ele abriria valetas, faria serviço de reposição de pavimentos. Aliás, nisso, o DMAE deixa muito a desejar. São muitos os buracos da Cidade – buracos mesmo – com uma bandeira que é um pedaço de árvore com um pedaço de papel, alertando, assim, os usuários das nossas ruas de que há um buraco ali, e que o DMAE é o responsável por ele. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Edi Morelli está com a palavra.

 

O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Ver. Milton Zuanazzi, V. Exa. pediu-me que eu guardasse um lugar para V. Exa. na fila. Guardei-o, mas os colegas não permitiram que eu cedesse o espaço a V. Exa. Por isso, venho à tribuna para defender o Projeto de sua autoria, Projeto de Lei que “autoriza a destinação de áreas específicas em locais públicos para a fixação de fotos de crianças desaparecidas”. Na Exposição de Motivos, o Projeto diz: “Diante de inúmeros casos de crianças desaparecidas no Brasil, a mídia vem, ultimamente, preocupando-se e atuando de forma incisiva, procurando ajudar na busca dessas crianças.

Em face do êxito obtido em tais chamamentos e exposição de fotos, acho viável e oportuno criar formas que auxiliem na obtenção de respostas para casos que, há anos, continuam insolúveis. Na Exposição de Motivos, V. Exa. comenta, ainda, que algumas crianças localizadas, depois de serem levadas à sua casa, fugirão novamente. Há inúmeros desses casos, mas iniciativas como fotos de crianças desaparecidas, exibidas no desenrolar da novela da Rede Globo, exibidas pela SBT nos seus programas dominicais; estampa de fotos em caixas de calçados; a Empresa Elevato, que, no seu comercial, coloca as fotos e os nomes das crianças com um texto abaixo, são dignas de aplauso. V. Exa. não perdeu tempo e se engajou na campanha, para que os órgãos públicos, como diz no seu projeto; fiquem autorizados, em prédios da Administração Pública, em locais de acesso à população como ônibus, bancos, de espaços visíveis, a fixar fotos de crianças desaparecidas.

Parabéns, Ver. Milton Zuanazzi, preocupado com este segmento da sociedade que se vê privado de uma busca maior dessas crianças.

 

A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador). Aproveito para me somar aos cumprimentos ao Ver. Milton Zuanazzi pelo projeto que é muito importante, não somente porque este tema está colocado hoje de uma forma ímpar, mas porque é um dos mais graves problemas que enfrentamos. E, se somarmos esforços com o Poder Público e houver iniciativas como esta que V. Exa. destacou e que algumas empresas já fazem, que chamam a atenção da sociedade, apresentando fotos de crianças, acho que estaremos cumprindo um papel importante, ao lado do papel que temos que cumprir para que estas crianças tenham para onde voltar. Ontem, à noite, encontrei um menino na sinaleira, conversando com ele, disse-lhe para voltar para casa porque estava muito tarde. Depois fiquei pensando se ele teria uma casa para onde voltar.

 

O SR. EDI MORELLI: Na minha atividade como repórter já localizei várias crianças, que pais ou mães tinham ido na rádio fazer apelos, e nós, através da unidade móvel, localizamos. As crianças pediam pelo amor de Deus, que não as levássemos para casa, pois sofriam maus-tratos, da mãe, por causa do padrasto, em benefício do companheiro, que não era o pai, ou vice-versa, sofriam maus-tratos da companheira do pai, que não era a mãe da criança. Eles acham que na rua sofrem menos castigos, punições, violência.

Por isso disse que nem sempre as crianças, que são localizadas e levadas para suas residências, aceitam o retorno, pois há uma estrutura dentro do lar que prejudica a vida, o crescimento da criança num estágio normal.

Ver. Milton Zuanazzi, tenha a certeza de que esta Casa vai aprovar por unanimidade o seu projeto.

 

O Sr. Milton Zuanazzi: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador). Agradeço a iniciativa do Vereador de me proporcionar o seu tempo. Em função dos protestos, acredito que, coerentes e corretos dos colegas, não pude ocupá-la, mas quero dizer que às 13h30min de quarta-feira estarei na frente da Mesa para me inscrever para discutir a Pauta. Agradeço a iniciativa de V. Exa. e o apoiamento ao nosso Projeto.

 

O SR. EDI MORELLI: Eu encerro, Sr. Presidente, dizendo um provérbio bem antigo: “Deus ajuda a quem cedo madruga”! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o art. 127 do Regimento da Casa diz, de forma expressa, o que segue: “A Lei Orgânica poderá ser emendada mediante proposta: 1. de um terço, no mínimo, dos Vereadores; 2. do Prefeito Municipal; 3. de iniciativa popular prevista no art. 98 da Lei Orgânica Municipal”. Ora, Sr. Presidente, estou em Pauta me referindo ao Projeto de Emenda à Lei Orgânica de nº 001/96, que está tramitando na Casa e que não preenche, Ver. José Valdir, V. Exa. que é o autor, esse requisito fundamental, dado que foi proposto, exclusivamente, pelo Ver. José Valdir, foi acolhido pela Casa, foi à exame da douta Procuradoria, que cochilou na matéria. Essa douta Procuradoria, que é tão zelosa, que até hoje não conseguiu ver em nenhum dos nossos projetos, com raríssimas exceções, condições de tramitar, olhou o assunto por outro ângulo e esqueceu-se de levantar esse essencial pré-requisito, que o Regimento tem apresentado.

Sr. Presidente, quero dizer a V. Exa. que estaria em plenas condições de discutir essa proposta de Emenda à Lei Orgânica do ilustre Ver. José Valdir. Tenho posição contrária, até porque o que pretende o Ver. José Valdir é que se reproduza na Casa esse jogo político do Orçamento Participativo, que está sendo demonstrado aqui de forma muito clara que tem deficiência, que eu anulo por inteiro, que se não fosse a grande propaganda em torno, já era um fato que tinha sido entendido claramente como efetivamente um órgão de assessoramento do gabinete do Prefeito Municipal. Como tal o Prefeito se assessora com quem bem entende, é a minha posição, e assume o ônus pelo assessoramento bom ou mau que recebe. O assessoramento, que eu mostrei hoje, implica que determinadas áreas da cidade sejam duramente castigadas com a ausência de investimentos públicos.

Mas, como eu entendo que isso é do Sr. Prefeito Municipal e o próprio Regimento do Orçamento Participativo assim o diz, eu não haveria de ser favorável a um Projeto de Lei, que é de Emenda à Lei Orgânica, que pretende que algo semelhante ocorra aqui na Casa. Seria como nós criarmos aqui um Conselho de Assessoramento ao Presidente da Câmara Municipal. Porque, a seguir a mesma orientação do Município, a participação popular, na visão do Município de Porto Alegre, é a visão do Ver. José Valdir, dá-se através desse meio que é uma deturpação do conceito de democracia direta. Até porque só se viabiliza através da representação eleita de acordo com aquilo que estabelece o regimento e dentro da organização do plano de governo que o Sr. Prefeito entendeu de adotar.

Agora, relativamente a Emenda à Lei Orgânica que está em votação, Sr. Presidente, eu quero formalmente suscitar esse problema requerendo que ela seja retirada de tramitação, porque ela está absolutamente contrária ao que estabelece o Regimento da Casa e não tem condições de tramitar nessas condições, sob pena de nós estarmos dando, concientemente, guarida a uma ilegalidade, a um ato anti-regimental.

E nós aqui da Casa, especialmente a Mesa, e eu faço parte da Mesa, temos o dever de zelar pelo respeito ao Regulamento, pelo cumprimento do Regimento e, quando for o caso, elucidar questões que surjam em torno de dúvidas quanto a sua interpretação. No caso concreto, acho que o art. 127, do Regimento da Casa é peremptório, não deixa dúvida! A Lei Orgânica pode ser emendada mediante proposta de um terço, no mínimo, dos Vereadores, e tal não ocorre. Existe um único Vereador, um diligente Vereador, um Vereador combatente que quer essa mudança, tem-se batido por dela, mas requereu pela forma inadequada, poderá corrigi-la num determinado momento, mas, por enquanto, a matéria tem que ser retirada de tramitação para que seja reencaminhada nos termos regimentais. Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos informar ao Ver. Reginaldo Pujol que, baseado em seu discurso, estamos nos assessorando e vamos solicitar à Consultoria da Casa. Vamos dar andamento à Sessão, mesmo porque o próximo inscrito é o autor do Projeto e concederemos o tempo a ele.

O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu admito qualquer debate, agora, argumentar dessa forma, querer introduzir essas questões de Regimento para dificultar ou impedir a tramitação, eu acho que aí é outro nível de debate. Em todo caso, se é isso, não há problema, a nossa Bancada toda assina e, talvez, muitos Vereadores, que até são contra o projeto, assinem para o Projeto tramitar.

Portanto, eu não vou discutir o aspecto menor da questão. O que está em discussão nesta Casa é a qualidade da participação, porque falar em participação, todo mundo concorda e ninguém é louco em dizer que não tenha participação. Eu já disse outra vez que respeito aqueles que têm uma posição ideológica clara, contrária à participação, mas aqueles que dizem que tem que ter participação, eu os situo em dois aspectos, duas maneiras de pensar: têm aqueles que querem uma participação, que é aquela participação consultiva, é aquela participação que é um arremedo de participação; e aqueles que querem uma participação efetiva, com poder de deliberação, não o poder total, porque isso não existe, mas o poder de deliberação sobre algumas questões. É o que está em discussão e não é o Orçamento Participativo, não é como disse o Ver. Reginaldo Pujol, que é um assessoramento do Prefeito, não é esse o espírito que o artigo 116 diz, que está na Lei Orgânica, quando fala na participação efetiva de deliberar e acompanhar a feitura e a implementação da execução orçamentária, é muito mais amplo. Quando falamos em participação neste sentido, realmente, temos que deixar claro, é uma partilha de poder. Mexe no poder. É óbvio que não se está dizendo aqui que é apenas uma consulta, portanto, vai-se mexer no poder. Diminui o poder da Câmara, é preciso que se diga, e diminui também o poder do Executivo e é por isso que os projetos, quando vêm para esta Casa, trazem o Prefeito compromissado com esses projetos, porque o Orçamento Participativo estabelece um nível de compromisso político com aquilo que é aprovado e é por isso que se torna difícil esta Casa mudar, porque terá que ter muita fundamentação. As Emendas que esta Casa propuser ao orçamento terão que ter uma legitimação social muito grande, porque nós, efetivamente, fizemos uma partilha de poder nesta Cidade. É uma questão de princípios, nós defendemos isso. Quando eu proponho para a Câmara de Vereadores, estou com plena consciência do que estou fazendo. Não quero um grupo, um conselho para assessorar o Presidente da Casa.

Quero uma efetiva participação popular na Câmara para acompanhar seu orçamento, a sua elaboração e execução e eu tenho consciência do alcance disso, efetivamente, pois teremos uma partilha de poder. Os Vereadores, nesta Casa, vão perder parcela do poder. Agora, se participação popular não levar a que alguns tenham seus poderes diminuídos e outros passem a ter o poder que antes não tinham, estão não é participação popular ou é arremedo de participação popular. Esse é meu conceito de democracia que, para mim, não é a existência do Parlamento apenas, é claro que sem Parlamento não se pode falar em democracia, mas o Parlamento não é a totalidade da democracia. Tenho falado aqui desta tribuna que, modernamente, não se pode falar apenas na democracia representativa dos três poderes de Montesquieu, a democracia já incorporou a pressão popular, o movimento dos trabalhadores ao longo do século passado e deste.

Hoje, para falar em democracia, tem que falar no Parlamento, sim, mas tem que falar também na participação popular efetiva, porque temos que ter todos esses contrapesos e eu os quero aqui na Câmara. Quero que tenha um equilíbrio de poderes, não apenas entre os três poderes clássicos, mas também com relação ao chamado poder popular. Então, eu tenho a plena consciência do que estou propondo: que esta Câmara tenha também aquilo que está estabelecido no art. 116, que é a participação popular efetiva também na Câmara de Vereadores. Se o Orçamento Participativo tem defeitos, evidentemente que não é aquilo que alguns vereadores colocam. Seria muito nós admitirmos que manipulamos o Orçamento Participativo, pois, sendo assim, teríamos que também manipular a ONU. Alguma coisa tem de efetivo, que foi introduzido na Cidade de Porto Alegre e que quero trazer para dentro desta Casa: o Orçamento Participativo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: Verificada a situação do Processo do Ver. José Valdir – PELO nº 01/96, baseado no art. 127, da Lei Orgânica, que estabelece que o projeto poderá ser emendado mediante proposta de um terço mínimo de Vereadores e baseado, ainda, no art. 19, II, letra “j”, devolvemos o projeto ao autor, e, desde já, coloco-me à disposição do autor para qualquer ajuda.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Gostaria de saber se, colhidas as assinaturas, o processo continua a tramitação de onde parou, ou seja, da segunda sessão de Pauta?

 

O SR. PRESIDENTE: Não posso informar-lhe precisamente; acho que volta ao início de tramitação. Vou pedir auxílio à Assessoria.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): O Processo passou pela Procuradoria da Casa, pela Assessoria Legislativa, e acho que o processo não precisa voltar a correr esses caminhos.

 

O SR. PRESIDENTE: Houve um erro da Casa, V. Exa. está consciente disso, por isso que o Processo estava andando.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Requeiro que, tão logo sejam colhidas as assinaturas, o Processo continue a sua tramitação de onde parou.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos nos basear no Regimento. Se V. Exa. quiser fazer um requerimento na hora, nós votaremos se for possível.

O Ver. Mário Fraga está com a palavra. Desiste. O Ver. Raul Carrion está com a palavra. Ausente. O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra. Ausente. A Vera. Maria do Rosário. Ausente. O Sr. Giovani Gregol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o projeto principal que me traz à tribuna em discussão de Pauta é o Projeto de autoria do Ver. José Valdir.

 

O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): Vereador, este Projeto o Presidente acaba de tirar da Pauta.

 

O Sr. José Valdir: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador). Indiscutivelmente nós estamos, aqui na Casa, com mais um casuísmo. Outro dia eu falava aqui da tribuna da lei do Einstein, em que tudo é relativo, mas tudo é relativo quando são projetos vindos de parte do PT e dos parlamentares da situação, porque o Parecer da Auditoria não tem nada disso.

 

O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h).

 

O SR. PRESIDENTE (às 16h01min): Os trabalhos estão reabertos. Não vamos aceitar manifestações contra o trabalho do Presidente neste momento, mesmo porque a minha consciência está tranqüila.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): V. Exa. deferiu a fala do Ver. Giovani Gregol sobre o Projeto que está em Pauta na tarde de hoje, portanto me manifestei sobre o Projeto, e V. Exa. cortou o som, e não poderia. Ele está falando sobre um Projeto que está em Pauta.

 

O SR. PRESIDENTE: Acabei de informar que retirei de Pauta. Não está mais em Pauta, eu retirei.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): V. Exa. é um autoritário na Mesa. V. Exa. faz o que bem entende na Mesa.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Giovani Gregol.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Confesso que estou um pouco desorientado, porque acreditava estar cumprindo o Regimento Interno, manifestando-me, em Discussão de Pauta, sobre um projeto que estava em Pauta. Faço uma consulta à Mesa, em Questão de Ordem: eu não poderia mais manifestar-me sobre este Projeto?

 

O SR. PRESIDENTE: Foi exatamente o que informei, foi retirado de Pauta.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Então, vou falar sobre o PLL nº 124/95, da Vera. Helena Bonumá, que dispõe sobre a coleta seletiva de lixo reciclável realizada por papeleiros, assunto de interesse de toda a Cidade de Porto Alegre, mas que me diz muito a respeito, porque sou uma pessoa estudiosa e preocupada com o assunto há muitos anos. Também gostaria de manifestar-me sobre o Projeto que foi retirado de Pauta; voltarei a ele na data oportuna. Já manifestei-me a esse respeito, dizendo que sou favorável ao Projeto do Vereador. A problemática do lixo em geral, inclusive alerto esta Casa, porque não sei se os Vereadores já se deram conta, certamente muitos já, pelo menos os mais atilados, que a questão do lixo está voltando, e tudo o que diz respeito a ela: o seu recolhimento, transporte, a sua destinação, aí incluída a possibilidade da reciclagem que já é feita e que pode aumentar, está voltando à tona com força total na Cidade de Porto Alegre. Digo isto agora, porque não faço questão de ser profético, depois o pessoal diz isso e aquilo do Ver. Gregol.

No passado manifestei-me a respeito de certas obras que iriam ser realizadas e que não se realizaram porque afrontavam a Cidade, e outras coisas que achávamos que deveriam ser feitas e que não podemos fugir delas, sendo que uma é a que diz respeito ao lixo. Porque Porto Alegre, hoje, na prática, não tem mais locais adequados para destinar o seu lixo que é recolhido numa média bastante grande e preocupante para um Município como o nosso, de oitocentas toneladas por dia. A prova disso é que ainda na Administração do Prefeito Olívio Dutra, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul foi contratada pela Prefeitura para fazer uma análise e um rastreamento de áreas passíveis de destinação de lixo nesta Cidade, e fez um levantamento de mais ou menos vinte locais, escolhendo onze ou doze. O Município fez negociações com outros municípios para colocar ali seu lixo e isso não deu certo até agora.

Eu falei com o companheiro Ederaldo Caron, Diretor do DMLU, muito competente, e ele dizia que estão adiantadas as negociações, devendo sair em breve editais para a levada de todo o lixo, ou de grande parte do lixo recolhido em Porto Alegre para um município próximo da zona carborífera das Minas do Leão – são minas que precisam ser recuperadas, estão esgotadas em parte -, isso caberia, perfeitamente, dentro dessa possibilidade. Hoje, o local para onde se quer levar é no extremo sul, zona chamada de extrema, lá adiante do Lami, quase município de Guaíba, cujos moradores já estiveram aqui, e voltarão aqui. Engraçado que aquela área não é nenhuma das 20, nem das 12 selecionadas pela Universidade como sendo as mais adequadas, ou as menos inadequadas, seria mais correto dizer assim. Então, tudo o que vier no sentido de apoiar a reciclagem - pois estamos, também, discutindo a questão dos carroceiros, o Projeto da Vera. Helena Bonumá, quer dar força, apoiar os marginais, os papeleiros – vem bem a calhar e tem que ser muito bem discutido por esta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: Informamos ao Ver. José Valdir que, conforme orientação recebida, o processo segue do momento onde parou.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): V. Exa. informa que o processo, se, vier a ter os seus pré-requisitos satisfeitos, retornará à posição anterior, e como entendo que o ocorrido até agora é nulo, peço a ouvida da CCJ, em grau de recurso à decisão de V. Exa., dentro dos poderes que lhes são conferidos e que a Assessoria lhe passou. Peço a audiência da Comissão de Justiça em grau recursal.

 

O SR. PRESIDENTE: Suspendemos a Sessão por 1 minuto.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h09min).

 

O SR. PRESIDENTE (às 16h10min): Reabrimos os trabalhos e já admitimos como feito o recurso do Ver. Reginaldo Pujol, que vá à Comissão de Constituição e Justiça. Reafirmamos a informação da Auditoria e da Procuradoria da Casa, que é a informação que eu tinha dado, de que seguiria normalmente.

Ver. José Valdir, V. Exa. tem dúvidas?

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, V. Exa. desculpe, mas é que eu gostaria de ouvir novamente.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, eu reafirmei a posição da Auditoria e da Procuradoria da Casa dizendo que o PELO nº 01/96 seguiria normalmente e reafirmei a posição do Ver. Reginaldo Pujol, que recorre, que a decisão vá à Comissão de Constituição e Justiça da Casa, o que também foi aceito.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Mas isso tem que ser ...

 

O SR. PRESIDENTE: Não precisa ser votado, o recurso, vai à Comissão e a Comissão vai ter que decidir, pelo que eu entendo e pelo que eu vejo, dentro das normas da Casa.

Havendo "quorum", passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. RAUL CARRION (Requerimento): Sr. Presidente, solicito inversão na ordem de apreciação da matéria constante da Ordem do Dia, colocando, em primeiro lugar, o Proc. nº 0535 – PLL nº 16/96.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. (Pausa). Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa). APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

PROC. 0535/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 016/96, de autoria do Ver. Raul Carrion, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Eloy Martins.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável de dois terços dos membros da CMPA – Artigo 82, § 2º, IV, da LOM;

- votação nominal nos termos do Artigo 174 do Regimento da CMPA;

- incluído na Ordem do Dia por força do Art. 81 da LOM;

- adiada a discussão por uma Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. Não havendo oradores para discutir, passamos à votação. Solicito ao Ver. Fernando Záchia que proceda à chamada nominal para votação.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem – durante a chamada): Na Sessão passada, estávamos votando um outro Requerimento, e acabou o "quorum". Esse Requerimento não tinha que ser votado antes?

 

O SR. JOÃO DIB: A Questão de Ordem não cabe, quando da votação.

 

O SR. PRESIDENTE: A Questão de Ordem cabe em qualquer momento, se houver quórum. (Após a chamada). APROVADO o PLL nº 16/96 por 29 votos SIM. Com Declaração do Voto do Ver. Reginaldo Pujol.

“Declaração de Voto

A homenagem proposta pelo Ver. Raul Carrion envolve um Cidadão de militância política adversa as nossas posições.

Este fato balisa nossa posição, eis que estamos homenageando um Cidadão coerente em suas políticas e por tal razão merecedor de nosso respeito.

Nesta linha acompanhamos a maioria da Casa, na medida em que somos de opinião que a ação política deva ser inaltecida, independente da posição que ele sustente.

(a) Ver. Reginaldo Pujol”.

 

VOTAÇÃO NOMINAL

 

1º TURNO

 

PROC. 1189/95 – PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 001/95, de autoria da Vera. Helena Bonumá, que inclui parágrafo único ao artigo 75 da Lei Orgânica de Porto Alegre. (exame do CMDCA em matérias relativas ao Estatuto da Criança e do Adolescente) - Com Emendas nºs 01 e 02.

 

Parecer da Comissão Especial

- Relator Ver. Fernando Záchia: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01 e 02.

 

Observações:

- votação nominal nos termos do Art. 174 e 130 e §§, do Regimento da CMPA;

- para aprovação, voto favorável de dois terços dos membros da CMPA, em ambos os turnos – Art. 130, § 6º, do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, solicitando seja adiada a votação do PELO nº 01/95 por uma Sessão.

Em votação. (Pausa). Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa). APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 2369/95 – PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 004/95, de autoria do Ver. Nereu D'Ávila e outros, que altera dispositivos da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre (Artigos 81, 82 e 100, da LOM). Com Emenda nº 01.

 

Parecer da Comissão Especial

- Relator Ver. Fernando Záchia: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- discussão geral e votação nos termos do Art. 130 e seus §§, do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE: Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 04/95, de autoria do Ver. Nereu D'Ávila e outros. Em discussão. Está com a palavra o Ver. José Valdir, para um Requerimento.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Gostaria de requerer uma inversão para que o Requerimento de minha autoria que estava sendo votado na Sessão passada que já tem encaminhamentos e que foi votado mas que não tinha quórum possa ser votado, haja visto que não vai tomar tempo e que irá limpar a Ordem do Dia deste Requerimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Informo a V. Exa. que nós vamos colocar em votação o Requerimento de V. Exa., agora, gostaria de “ad referendum” da Diretoria Legislativa, mas sem consulta ao Regimento da Casa, tenho a convicção de que os encaminhamentos normalmente podem ser renovados a gosto e vontade das Lideranças com assento nesta Casa. Portanto, se algum Vereador já encaminhou e queira encaminhar, a ele está assegurado o direito de encaminhamento. Agora, como já tinha feito a leitura da Discussão Geral do Projeto em tela, vou colocá-lo em discussão e imediatamente vou submeter o Requerimento de V. Exa. a votação.

 

O SR. EDI MORELLI (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria de obter um esclarecimento. A minha preocupação é que já votamos uma inversão, já votamos um Processo, que foi aprovado por unanimidade, V. Exa. já apregoou mais um Processo da Ordem do Dia com o conseqüente Requerimento para adiá-lo e que já foi votado também. Quero saber se pode haver inversão agora.

 

O SR. PRESIDENTE: Sim, o Plenário é soberano para contemplar e examinar a matéria que achar conveniente no andamento da Ordem do Dia.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, pergunto a V. Exa. se o que estamos votando, neste momento, é o Requerimento para inversão da votação.

 

O SR. PRESIDENTE: Não. Estamos em discussão-geral do Proc. 2369/95, PELO nº 04/95. O Requerimento do Ver. José Valdir será colocado em votação logo após a discussão deste Projeto.

O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para discutir o PELO nº 04/95.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e, em especial, Ver. Nereu D'Ávila, quero retomar a discussão anterior, porque é esta que nos interessa para que possamos dar o encaminhamento. Quero repetir o que eu disse: nenhuma crítica, pelo contrário, ao trabalho desenvolvido pela Comissão, até pela minha ausência. Ao mesmo tempo, preocupações e eventuais discordâncias com relação à proposta apresentada, que cheguei a levantar aqui, na Sessão passada. Já apresentei um pedido de destaque, e, volto, Ver. Nereu, e por isso insisto, até para, se for o caso, para concretizar, ver como fazê-lo.

A minha preocupação em relação aos prazos a serem dados àqueles projetos que estão tramitando e que, decorridos os 30 dias, têm direito de entrar numa votação imediata. Acho que a modificação que se está introduzindo de se remeter o processo à CCJ, estou de pleno acordo, acho que é excelente; já dizia isso, outro dia, num diálogo com o Ver. Pedro Américo Leal. A primeira preocupação que tenho é que se prevê 15 dias mais 15. Eu pedia, então, que se diminuísse esse prazo. Não sei se houve alguma providência formal pois não estive presente às sessões de segunda e quarta-feira passadas, e quero saber, se for o caso, se nós apresentamos a emenda ou se a própria comissão irá apresentar, enfim, quero retomar essa questão.

Não é nenhuma crítica, ao contrário, é uma tentativa de colaborar no sentido de chegarmos a um resultado, porque me parece que, pelo nosso Regimento Interno, em sendo o prazo legal de permanência de um processo numa comissão de 5 dias, os 30 eu nem entro em discussão, seria um excesso excessivo, mas penso que, ainda assim 15 dias seria demais, estaríamos penalizando três vezes mais o autor de um projeto de urgência. Eu nem penso tanto, Ver. Pedro Américo Leal, nos projetos do Legislativo, porque de um modo geral, projeto que nós apresentamos, embora eventualmente se tenha uma determinada pressa, serão situações muito especiais aquelas em que haverá, de fato, uma urgência urgentíssima; eventualmente um título, ou alguma coisa assim, em que o cidadão está viajando, que teremos que correr. No mais, o projeto do Vereador tem um prazo em que pode tramitar tranqüilo.

A minha preocupação com esse prazo é em relação a projetos do Executivo. Não estou pensando no Executivo de hoje, do Prefeito Tarso Genro, estou imaginando que tenhamos essas modificações e que permaneçam na história da Cidade de Porto Alegre e neste Legislativo, tanto com o Prefeito Tarso Genro, com outro prefeito que venha a governar a Cidade nos próximos anos, há momentos, sim, em que o Executivo manda projeto à Casa em que precisaremos ter a urgência da decisão. A minha preocupação é que se já vamos onerar desde logo o Projeto com 15, e, talvez, 30 dias na CCJ, matamos a urgência. Sugiro que se faça uma Emenda prevendo aquele prazo legal, que já temos, de cinco dias. Com 5 dias, estaria dentro das regras do jogo. Não tomei nenhuma iniciativa de apresentar qualquer Emenda nessa área. Informava-me a Diretoria Legislativa – ao contrário do que eu pensava – que a Emenda poderia ser assinada apenas por um Vereador; não necessitaria de 11 assinaturas, como é o Projeto original de modificação da LOM. Queria aproveitar o último momento da Discussão, na próxima Sessão vamos entrar em votação, para decidir, em comum acordo, com o Ver. Nereu D'Ávila, que responde pela apresentação do texto, e com os demais Vereadores. Se forem cinco, melhor. Não quero perder a oportunidade de ver se vamos apresentar uma Emenda, se eu assumo isso, se a Comissão assume. Enfim, não vou brigar por autoria, de maneira alguma: o que temos que pensar é no que é melhor para a Casa e para a Cidade. Faço questão de retomar o assunto, até porque, se houver uma discordância da Comissão, eu, respeitosamente, vou manter a minha proposta e bater voto contra voto, sem problema. Se, ao contrário, a Comissão concordar, a Comissão mesma pode fazer a proposta. O que eu queria era abrir a questão e ver como podemos encaminhar.

 

O Sr. Nereu D'Ávila: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador). V. Exa. se refere ao Destaque pedido por V. Exa.?

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Não, do Destaque já estou retirando o § 2º, Vereador. Eu penso no prazo original, que não ficasse em 15 dias, mas ficasse reduzido a 5 dias, que é o prazo normal de um Processo numa Comissão, previsto no próprio Regimento da Casa.

 

O Sr. Nereu D'Ávila: Vamos conversar com o Relator, também.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Por isto, eu quis levantar a matéria, para podermos fazer o encaminhamento. Como o Ver. Pedro Américo disse, conversando a gente resolve, não quero perder a oportunidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa a Emenda nº 1, que altera dispositivos da LOM no Processo nº 2369/95, PELO nº 004/95. O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra para discutir o PELO nº 04/95.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tranqüilizo as pessoas acerca das preocupações com as modificações da Lei Orgânica, explicando algumas providências.

Uma delas é a Emenda apregoada neste momento. Nós asseguraríamos, então, na própria Lei Orgânica, a manutenção de, no mínimo, duas sessões para o uso da Tribuna Popular. Então, na alteração do Regimento ficariam liberadas as quartas-feiras para votações. Foi questionado, na tribuna, que a Comissão ou alguém estaria querendo restringir o uso da Tribuna Popular, conquista das maiores, que a Câmara tem nunca ninguém pensou restringir o uso da Tribuna Popular. É por isso que estamos respondendo aos argumentos de que nada assegurava no Regimento que a maioria simples pode modificá-lo; que teria duas tribunas – atualmente são três. Então, nós asseguramos, através de uma Emenda no Regimento.

Eu havia pedido, na Sessão do dia 1º de abril, à Diretoria Legislativa e à Mesa, que fizessem o levantamento das Tribunas Populares dos últimos anos. Trago, agora, este resultado, que considero importante e distribuo aos Vereadores interessados.

É o seguinte: em 1994, foram realizadas 109 Sessões Ordinárias, e a Tribuna Popular foi ocupada por 46 vezes, assim distribuídas: nas segundas-feiras, foram 38 Sessões Ordinárias, com 16 Tribunas Populares; nas quartas-feiras, 36 Sessões Ordinárias, com 16 Tribunas Populares e nas sextas-feiras, 35 Sessões Ordinárias, com 14 Tribunas Populares. Então, são 109 Sessões Ordinárias, com 46 Tribunas Populares.

Em 1995, foram 108 Sessões Ordinárias, com 48 Tribunas Populares, ou seja, duas a mais, assim distribuídas: nas segundas-feiras 37 Sessões Ordinárias, com 13 Tribunas Populares; nas quartas-feiras, 35 Sessões Ordinárias, com 17 Tribunas Populares e nas sextas-feiras 36 Sessões Ordinárias, com 18 Tribunas Populares.

Em 1996, até o dia 3 de abril, foram feitas 19 Sessões Ordinárias, com 9 Tribunas Populares, mantendo-se a mesma média. Esses dados são importantes porque comprovam que, em 1994, sobraram 63 Sessões Ordinárias; em 1995, sobraram 60 Sessões Ordinárias, de modo que nas quartas-feiras, que nós queremos deixar sem tribuna, jogando para segundas e sextas-feiras, ainda sobrariam mais de 60 Sessões Ordinárias, que ficariam sem Tribuna Popular.

Esses dados representam que não há nenhum perigo, nenhum problema, de não se fazer tribuna popular na quarta-feira, com a possibilidade de alguém perder o uso da tribuna, porque, mesmo jogando para segunda e para quarta, e a média é quase a mesma, sessenta sessões que sobraram em 1994/95, não há a menor possibilidade. A não ser que aqui houvesse cem tribuna populares e cento e nove sessões, haveria aí, sim, uma demanda maior este ano, poderia haver um pequeno indicativo de que, então, as tribunas seriam mais que as Sessões Ordinárias e aí alguém poderia ficar sem Tribuna Popular. Mas com a sobra de sessenta e tantas sessões, nos dois anos consecutivos, não há a menor possibilidade. Então, pode, com a maior tranqüilidade, passar para as segundas-feiras e para as sextas-feiras, como quer a Comissão, deixando as quartas-feiras exclusivamente para votação, não terá a menor possibilidade, mesmo que dobre o pedido de Tribuna Popular.

 

O SR. PRESIDENTE (Edi Morelli): Este Vereador está inscrito e cede o seu tempo a V. Exa.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Eu agradeço. É para o argumento absolutamente decisivo, mesmo que se dobrassem as Tribunas Populares em noventa e quatro e noventa e cinco, elas foram quarenta e seis e quarenta e oito, respectivamente, dariam menos que cem, mesmo que elas fossem usadas em dobro. Mesmo que fossem dobradas as Tribunas Populares, nesses dois anos 94/95, ainda não prejudicariam àqueles que queriam usá-las. Agora, como os números são enfáticos no sentido de que a sobra bastante folgada pode, sem dúvida jogar para segunda e sexta-feira, e aí eu não vejo nenhum prejuízo nas solicitações, porque, segundo eu fui informado pela Diretoria Legislativa, para quem quer usar a tribuna às vezes eles até solicitam que seja sexta-feira, porque é de manhã e eles podem vir aqui em um primeiro horário, às 9h, ocuparem à tribuna, de modo que às sextas-feiras e segundas-feiras com Tribunas Populares, Vera. Maria do Rosário, não haverá nenhum prejuízo. E mais, o discurso que o Ver. José Valdir fez aqui, insinuando sibilinamente que se estaria no Regimento com a possibilidade, com maioria simples, quem sabe, restringir o uso da tribuna, ficam essas medidas asseguradas e tranqüilizadoras, porque a nossa Emenda vai assegurar, na própria Lei Orgânica, que permaneçam duas Tribunas Populares. Correto?

Agora, essas serão as segundas e sextas-feiras e com esses dados suplementares da Diretoria Legislativa, dizendo que o número de Sessões Ordinárias estão acima do dobro do uso das Tribunas em dois anos, e a média até agora, em meados de abril, mantém-se igual; e mesmo que não o tivesse, ela jamais alcançaria, a não ser que fosse mais do que 100% o uso da Tribuna, que não é o caso.

Então, esses dados, eu julgo o Plenário esclarecido; olhem, estou aqui, como componente de um partido que deseja também a manutenção da tribuna, que é uma conquista que não pode ser revogada e, em não havendo nenhum prejuízo, apenas redistribuição, e as entidades até pedem a preferência pelas sextas-feiras. Acho que até nós, nas sextas-feiras, estamos mais receptivos, porque chegamos aqui com a cabeça bem refrescada, às 9h da manhã; a Tribuna Popular vai para sexta e para as segundas-feiras.

Então, com isso, se pretende que, medido o avanço da Tribuna Popular, tenhamos um novo avanço na Câmara, que é um dia exclusivo para votação. Hoje, Srs. Vereadores, olhei no relógio, a hora que entramos na Pauta: eram 15h30min da tarde. São cinco minutos para seis oradores, então, são mais 30 minutos. Imaginem, então, que, se nós tivéssemos, hoje, uma pletora de projetos para votar, invadiríamos a noite.

Então, é necessário que tenhamos um dia exclusivo para votação e discussão de projetos, discussões sobre os assuntos pertinentes a Cidade, que seria quarta-feira. Em não havendo prejuízo da Tribuna Popular, e estando assegurada a sua presença na própria Lei Orgânica, pela nossa Emenda, duas vezes por semana, estão superados os pequenos óbices com que alguns vereadores estavam preocupados, com certa razão, porque, nós, também, concordamos com aqueles que acham que não podemos regredir nas conquistas que a população tem, que é a Tribuna Popular. Eu gostaria que a Tribuna, no Executivo, tivesse tanta disputa quanto há aqui. O que se vê é que a Tribuna, na Câmara, tem sido um espaço muito bom para a população; no Executivo, não sei por que, não se mantém a mesma tradição.

Encerro, agradecendo ao Ver. Edi Morelli pela gentileza de me dar mais um tempo. Esclarecido está que, agora com dados, podemos avançar e conquistar um dia somente para votações na Câmara. No meu entendimento, e no da Comissão, será mais um avanço, no sentido de vermos, num dia só discutidos e votados inúmeros projetos numa tarde. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Como vice-Presidente da Comissão que examinou essa matéria eu, na Sessão anterior, discuti as implicações da primeira das modificações propostas que envolvem os artigos 81 e 82 da Lei Orgânica do Município. Eu tinha anunciado que voltaria, oportunamente, à Tribuna para me deter, especialmente, nas mudanças propostas no art. 100 que havia sido, até aquela data, objeto de algumas manifestações de desacordo por parte de determinados segmentos da Casa.

É evidente que os esclarecimentos prestados à Casa pelo ilustre Ver. Nereu D'Ávila facilitam a minha manifestação, especialmente porque o mesmo se refere à Emenda nº 02, de sua autoria, pela qual se estabelece que, no mínimo, em duas sessões ordinárias por semana, ocorrerá a Tribuna Popular. Os números que o Ver. Nereu D'Ávila trouxe à colação são indiscutíveis. Trata-se de um apanhado feito pelo setor competente da Casa, que nos dá informações relativas a 94 e 95 e que demonstra que, mesmo que estivesse vigorando, nesse período, o que se pretende que vigore na Lei Orgânica e no Regimento, mais especificamente a partir de agora, não haveria nenhum prejuízo para o exercício da Tribuna Popular por aquelas entidades que se sintam motivadas a esse exercício e que queiram utilizar essa possibilidade que a Legislação proporciona na Cidade de Porto Alegre.

Quero salientar que o objetivo dessa Emenda foi assegurar – a par de confirmar, de forma definitiva, o que é entendido por muitos, como uma conquista da comunidade no que diz respeito ao acesso à Tribuna Popular da Câmara, condições plenas de funcionamento a esta Casa que teria eleito, de forma definitiva -, as Sessões de quarta-feira como aquelas em que, exaustivamente, haveria de ser discutidos, deliberados, decididos e votados os assuntos que compõem a vida deste Legislativo e que são, com freqüência, matéria do próprio Executivo e outras tantas matérias de origem no Legislativo.

Esse é o grande objetivo dessa Emenda que, como disse muito bem o Ver. Nereu D'Ávila, na prática, não restringe um milímetro sequer o exercício do direito que alguns, temerosamente, acreditam que seria colocado em risco. Fica amplamente assegurada a possibilidade de que se mantenha o salutar hábito de utilização da tribuna desta Casa para a colocação de reivindicações, de críticas, de sugestões, enfim, do que necessário for pelas entidades comunitárias, pelas entidades de classe, por aquelas entidades elencadas na Lei. Isso não obsta, por outro lado, que se reforce a capacidade de atuação da Casa e que se dê uma possibilidade objetiva de serem nas decisões da Casa sobre matérias urgentes que são de sua responsabilidade como Parlamento, como órgão de representação popular que não pode deixar de deliberar com a brevidade possível, com a presteza adequada sobre assuntos importantíssimos que são-nos trazidos à colação. Inclusive a Ver. Maria do Rosário que nos honra com a audiência neste momento é um exemplo salutar, tem um projeto dela, que há mais de 30 dias, acredito, está com condições de ser votado na Casa e não é, exatamente, pelas razões, as mais relevantes, entre as quais porque comprometemos nas sessões de quarta o exercício do direito da Tribuna Popular, entre tantas situações que a Casa tem vivido, tem-nos impedido de deliberar sobre esta matéria.

É um exemplo que pego, porque existe uma série de outras tantas matérias nesta mesma situação e que serão aquelas que, certamente, a Mesa há de colocar nas sessões de quarta-feira para receberem a devida análise, a devida decisão e a devida aprovação, quando for o caso do Plenário desta Casa. Era isto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe a Emenda nº 3, do Ver. Antonio Hohlfeldt, Emenda de líder, que modifica o prazo de 15 para 5 dias, constante no parágrafo 1º, art. 81, modificado pelo art. 1º do Projeto.

Com a palavra o Ver. Luiz Braz para discutir o PELO nº 04/95.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Respeito o desejo do Ver. Antonio Hohlfeldt e de alguns Vereadores deste Plenário, de tornarem mais célere o processo do art. 81. O Ver. Antonio apresenta, agora, uma emenda que vamos acompanhar, que modifica o parágrafo 1º, encurtando o prazo de 15 para 5 dias que é o prazo que o processo tramita em uma comissão. Só que, Ver. Antonio Hohlfeldt, o espírito do art. 81 não é exatamente esse que nós estamos discutindo aqui, porque para isso nós temos a urgência. Quando temos um projeto que acabou de entrar podemos pedir a urgência e se temos muita pressa desse projeto nós pedimos pedir a urgência e se temos muita pressa desse projeto nós pedimos ao Presidente urgência urgentíssima para que esse processo possa tramitar com a máxima rapidez. Nós já tivemos processos, aqui, votados com menos de 30 dias. Já tivemos processos votados com uma semana. Esse é o espírito da urgência. O art. 81 é para aqueles processos que muitas vezes começam a tramitar na Casa e que vemos que não existe uma boa vontade para que eles venham à Plenário para votação. Então, pede-se o art. 81 exatamente para que o Vereador possa exercer o seu direito de ver a sua proposição discutida e votada. De acordo com a Lei Orgânica atual tem que correr 30 dias e depois disso pode ser pedido o art. 81 para que ele venha ao Plenário. Nós quisemos modificá-lo no sentido de que, corridos esses 30 dias, para que não venha aqui qualquer proposição, às vezes, trancando a pauta de votação, que tenhamos a oportunidade de passar pela Comissão de Justiça para dizer da sua constitucionalidade e, se constitucional, ele vir ao Plenário para que o Vereador tenha o seu direito legal de discutir a sua proposição.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador). Vereador, essa história do art. 81 é muito séria. V. Exa. mesmo disse que não tem no Regimento a figura da “urgência urgentíssima”. Nós já votamos projetos numa tarde porque interessava ao Executivo e à Cidade. Agora, no caso dos nossos colegas que têm projetos de lei, às vezes, não os acompanham nas comissões e até silenciam exatamente para usar o art. 81. Eu acho que o art. 81 tem mérito, mas deturpamos o uso dele ao longo do tempo. Portanto, ele tem de ser modificado, remodelado.

 

O SR. LUIZ BRAZ: É exatamente isso. Quem quer urgência no projeto pede a urgência que é do nosso Regimento. A urgência faz com que o projeto venha imediatamente para ser analisado por uma comissão conjunta e aquele processo, então, tem o seu prazo de votação acelerado. O art. 81, é claro que, respeitado esse desejo que está expresso na Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt, eu acredito que ele também o seu espírito de fazer com que uma proposição não fique muito tempo sem que receba a análise deste Plenário.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador). A minha preocupação é apenas uma questão de lógica. Como o Regimento Interno já prevê que o processo deve permanecer cinco dias na Comissão, o pedido do art. 81 já abrindo com 15, parece-me, quebra uma lógica. Vai ficar mais tempo do que ficaria normalmente, com mais o tempo de outros 15 dias. A discussão que eu queria levantar era no sentido de que eu pedi Destaque para o parágrafo 2º, mas aceito, por exemplo, que nós façamos a mudança para 5 dias, para que se possa ter mais cinco e mais cinco dias. Quer dizer, os cinco iniciais com mais cinco de prorrogação porque, às vezes, têm projetos mais polêmicos, que a gente tem que buscar uma outra informação. Eu não quero aqui ser radical, de maneira nenhuma. Eu acho que a Casa está pensando em voz alta, esse é o momento de a gente caminhar. Eu pedi Destaque para o parágrafo 2º, mas eu até retiro ele, se for o caso, em havendo esse acordo de cinco dias, com mais cinco de prorrogação.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Antonio, o parágrafo 2º da Emenda é bem-vindo porque ele perfaz o prazo que um processo deve permanecer dentro de uma Comissão. Agora, eu pediria para que V. Exa., com relação aos outros 15 dias, não colocasse uma nova Emenda e nem mesmo o destaque, V. Exa. vai retirar o seu destaque, não é? – porque é a oportunidade para que a Comissão de Justiça, que pode estar lotada de processos, possa analisar com mais calma e mais critério esse processo para o qual foi pedido o artigo 81. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Dilamar Machado está com a palavra. Desiste. A palavra com o Ver. Jocelin Azambuja. Cinco minutos com V. Exa.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este Processo de alterações do nosso Regimento Interno é importante que corrija alguns problemas que vinham preocupando a todos nós.

Essa questão da Tribuna Popular tem sido colocada inadequadamente, em determinados momentos. O Plenário tem que fluir de maneira mais rápida. Também não é falta de democracia em querer não se fazer em todas as Sessões a Tribuna Popular. Essas rotulações que se fazem, nesta Casa, os democratas de plantão, parece que aqui têm uns mais democratas que outros, mas todos chegaram aqui pela democracia. A Tribuna Popular tem que ser adequada em algumas Sessões, e agora mesmo surge uma Emenda que chegou às nossas Bancadas, no sentido de que se tenha duas vezes por semana a Tribuna Popular. Isso me parece perfeitamente adequado. Não há o porquê de se estabelecer em todas as Sessões, também porque às vezes marcam e não comparecem. O próprio levantamento que o Ver. Nereu D'Ávila fez apontando que em várias ocasiões não foi utilizada a Tribuna Popular. Tem a Tribuna Popular na frente da Prefeitura, que o Prefeito, até hoje, nunca tomou as medidas necessárias para que ela fosse utilizada, que seria num momento importante para que as comunidades, as entidades fossem no Paço Municipal fazerem as suas manifestações, colocar as suas inquietudes, as suas insatisfações.

Então, nos parece importante que nós tenhamos uma regra adequada para a Tribuna Popular e que ela não seja colocada em todas as Sessões. Às vezes precisamos votar projetos e não conseguimos, porque temos a Tribuna Popular. É a mesma situação da insistência que alguns Vereadores têm de trazer pessoas aqui para a Mesa para debater determinados assuntos e acham que isso é positivo. Eu lembrava, na Sessão passada, que os Ministros deste País vão nas Comissões; aqui, querem que eles venham no Plenário, querem obrigar os 33 Vereadores discutir uma questão que muitas vezes diz mais respeito a uma Comissão da Casa. Então, são essas coisas que temos que analisar e examinar com profundidade para que não percamos a essência fundamental do Plenário. Lembro-me sempre do Ver. Pedro Américo Leal e do ex-Vereador Jair Soares que destacavam a importância de preservarmos as sessões plenárias para a discussão mais aprofundada dos projetos e das questões que envolvem a fiscalização dos atos do Executivo.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador). V. Exa. está fazendo um realce do Plenário. O Plenário, por excelência, é uma Sessão Solene. Fico muito satisfeito com V. Exa. pelo seu pronunciamento.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Esse aspecto da solenidade, que existe no Plenário da Casa, muitas vezes, é atormentado. Outro dia foi convidado um Vereador para fazer parte da Mesa, vestindo um traje esportivo, quebrando o nosso Regimento. Isso não é correto. Já colocamos, nesta tribuna, numa Sessão da Casa, uma pessoa vestida com trajes esportivos.

Quando ocorre um reunião de comissão, que não é uma reunião oficial da Casa, pode-se vestir de uma maneira “mais à vontade”. Tem que existir procedimentos básicos, mínimos, observados por todos, desde o funcionário da Casa até o Vereador. Todos devem ter uma postura e um procedimento de respeito. Como diz o Ver. Pedro Américo Leal, deve haver um respeito máximo ao momento solene de uma Sessão plenária. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): O Ver. Mário Fraga está com a palavra. Desiste. A Vera. Maria do Rosário está com a palavra.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, essa discussão está sendo bem-feita, e isso é bom: significa que vamos produzir, através das emendas e dos destaques, uma boa votação e um melhor trabalho nesta Casa.

Quero destacar neste debate duas questões. O primeiro destaque seria a alteração no art. 81. O Ver. Antonio Hohlfeldt faz uma proposta interessante: reduzir o prazo de quinze dias para cinco dias. É muito interessante essa proposição, em princípio, concordo com ela, no entanto, o que faz esta Vereadora e a nossa bancada ter uma preocupação com essa nova proposição do art. nº 81, não é tão-somente a questão do prazo, de um lado existe a questão dos 15 dias, mais a possibilidade de novos 15 dias, mas, de outro, a nossa preocupação reside no parecer, na batida de martelo, que vai se dar a possibilidade para a Comissão de Constituição e Justiça quanto a se trazer para este Plenário ou não, via art. 81, os projetos que forem solicitados. Vejam que mudamos completamente o art. 81, por essa proposição, é uma mudança radical, mudança que nos retira poderes de votarmos projetos, de acordo com a necessidade da Cidade, com mais urgência do que até agora vem sendo feito, do que passará a ser. Vejam os senhores que será necessário parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça ou especial para que o Vereador possa requerer a votação. Em nenhum momento da vida legislativa deste Plenário, desta Casa, nós demos qualquer poder semelhante a qualquer comissão.

Estamos inovando, nós sabemos que a Comissão de Constituição e Justiça julga do ponto de vista da legalidade e da organicidade dos projetos de lei, e que este Plenário tem a responsabilidade de votar do ponto de vista da legalidade da constitucionalidade como jurou à Lei Orgânica e à Constituição deste Estado e deste País, mas que nós trabalhamos na perspectiva de fazer política nesta Cidade, com projetos que pressionam em determinados momentos o Executivo e que poderão ser pautados de outra forma a partir da aprovação deste novo art. 81. Chamo a atenção dos meus pares, porque nós estamos retirando poderes da Cidade e desta Câmara Municipal, quando fazemos uma proposta que, se aprovarmos, será uma proposta que dá mais poderes à Comissão de Constituição e Justiça do que ao Plenário. A Comissão de Constituição e Justiça e os Vereadores que a acompanham decidirão se um projeto virá ao Plenário pelo art. 81, ou não, e mais, o que tem urgência.

Vejam os senhores que, na urgência, o projeto cumpre pautas mas tem que ser rejeitado por todas as comissões reunidas conjuntamente, ou seja, tem que ser aprovado um parecer pela rejeição por todas as comissões que se reunirem conjuntamente para que este não venha para o Plenário, e em contraposição aqui com uma comissão, somente a Comissão de Constituição e Justiça, dando parecer contrário não teremos o Projeto no Plenário, então é um superpoder. Estamos, de fato, constituindo aqui uma comissão com superpoderes, quanto à possibilidade do art. 81, inviabilizando-o. Talvez fosse mais claro acabarmos com esse artigo, porque na prática é isso que estamos fazendo, estamos terminando com ele. O sentido do art. 81 deixa de existir do ponto de vista do nosso Regimento e da Lei Orgânica com essa nova Proposição.

Respeito, imensamente, os dados que o Ver. Nereu D'Ávila trouxe a esta tribuna, que são de fato importantes para a nossa discussão sobre a utilização da Tribuna Popular nos anos de 1994, 1995 e 1996. No entanto, as posições, os números trazidos pelo Ver. Nereu D'Ávila atestam um argumento que tenho trazido a esta tribuna. Não é a Tribuna Popular que vem atrasando os nossos trabalhos. Se estamos dizendo – e o Ver. Nereu D'Ávila utilizou o mesmo microfone para dizer isso – que a Tribuna Popular não é utilizada todos os dias, estamos dizendo que não é ela que atrasa os nossos trabalhos. Não é necessário mexermos na Tribuna Popular, para avançarmos em termos do trabalho legislativo. É necessária uma nova atuação em Plenário, a partir de um impacto de todos nós, de priorizarmos o que de fato é mais importante em cada momento. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, tenho uma visão completamente diferente da visão do Ver. Jocelin Azambuja, mas parafraseando Voltaire, diria que defenderei até a morte o direito de ele dizer. Para mim o parlamento não deveria ser nada solene, mas a expressão da diversidade da sociedade, é traduzida inclusive na indumentária. Esta Casa deveria expressar prioridade até nisso. Então, não deveria ser solene, mas um parlamento popular. Não vejo isso contemplado no Regimento, sigo o que diz o Regimento, é uma norma da Casa, embora tenha outra visão. Vim à tribuna falar sobre a Tribuna Popular. Acho que a Emenda do Ver. Nereu D'Ávila melhora as coisas, mas, ainda, está longe de contemplar a minha preocupação. Porque, quando se fala em restringir, - é uma restrição, pois a tribuna popular acontecia três vezes por semana e passou a duas vezes por semana – o que há por trás é uma visão de que a Tribuna Popular tem prejudicado o andamento dos trabalhos nesta Casa. Estou convencido de que isso não é verdadeiro. Vejam, hoje, por exemplo, a Tribuna Popular ocupou 15 min da Sessão: os 10 min do Representante do Sindicato e mais os 5 min, Tempo de Liderança, ocupados pelo Ver. Raul Carrion.

No entanto, gastamos 30 min com outros assuntos: Tempo de Liderança do Ver. Luiz Negrinho, Dilamar Machado, Henrique Fontana e Luiz Braz. Total: 30 min. Isso vem acontecendo normalmente, então, a Tribuna Popular não tem, de maneira alguma, contribuído para atrapalhar o bom andamento dos trabalhos nesta Casa. O que tem contribuído é uma questão já levantada por mim, a questão da cultura política desta Casa, que tem, atrapalhado bastante, e mais o problema de esta Casa ter, sistematicamente, encerrado a Sessão mais cedo. Outro dia fui incompreendido, e quero deixar bem claro que não é em relação ao Presidente da Casa, mas tenho cuidado, desde que reassumi a Câmara de Vereadores, a Sessão, segundo o Regimento, art. 146 – 148, deveria ir até às 18h, e até às 13h na sexta-feira. Invariavelmente, ou quase sempre, ela tem terminado às 17h30min, tanto que, por falta de "quorum", fica um punhado de bravos e valentes Vereadores aqui, e a Sessão se esvai por falta de "quorum".

É por isso que estou com o meu Requerimento, desde o dia 22, para ser votado. Não foi a Tribuna Popular a responsável por isso. Cultura política é outra questão. A Sessão está sendo encerrada antes, por falta de quórum, justamente quando há projetos importantes para serem votados. Por isso eu não consigo concordar com essas Emendas e com esse levantamento que fez o Ver. Nereu D'Ávila porque, em primeiro lugar, a conjuntura pode determinar que, num determinado momento, haja mais demanda por parte do Movimento Popular para usar esta tribuna e, em outros momentos, haja menos demanda. Isso varia muito, coisa que o levantamento que o Ver. Nereu fez não contempla.

Acho que a Tribuna Popular tem que estar aberta para o uso das entidades nos três dias. Nós temos que facilitar o uso da Tribuna ao povo e não aos Vereadores. Por isso que a pesquisa não me convence: a Câmara tem que estar, nos três dias de Sessão, aberta para que o povo a utilize. O mais, temos que resolver os problemas de agilização, solucionando esse problema da cultura e trabalhando pelos menos até o horário de encerramento da Sessão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa acusa o recebimento das Emendas de nºs 4 e 5 – Proc. nº 2369/95 – PELO nº 04/95, de autoria do Ver. Raul Carrion.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra, pela ordem, para discutir o PELO nº 04/95.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu estou encaminhando duas Emendas do seguinte teor: a primeira delas se refere ao Artigo 81. Em primeiro lugar, concordamos com a emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt, que reduz o prazo de manifestação da Comissão de Justiça para 5 dias, porque entendemos que seria muito dilatado o prazo dos 15 dias. Porém, persistia um problema, que foi levantado já nesta Casa, que é o poder que se daria a CCJ de impedir a vinda a Plenário dos Projetos em que foi solicitado o Artigo 81; porque no Parágrafo 3º é colocado: “esgotados os prazos e tal e não apontando o Parecer, inconstitucionalidade ou ilegalidade”. Nós propomos, então, eliminar esta expressão “e não apontando o Parecer, inconstitucionalidade ou ilegalidade”; isto cairia fora e seria acrescentado: “existindo ou não existindo Parecer, caberá o Presidente determinar a inclusão da Proposição na Ordem do Dia”. Ou seja, nós concordamos com a idéia de dar um prazo e exigir um pronunciamento da CCJ, porque achamos que 5 dias, já com a Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt, não irá ser um grande óbice. Agora, nós não condicionamos a vinda a Plenário a um Parecer positivo e nem sequer condicionamos a existir este Parecer. Ou seja, são dados os cinco dias; a Comissão de Constituição e Justiça ganha um prazo para se manifestar – e esta manifestação é importante, porque o Plenário vai votar com a opinião da CCJ -, mas mesmo que a CCJ dê um Parecer contrário, virá ao Plenário, porque o Plenário é soberano.

Então, a nossa Emenda tira o último problema que poderia levar a não ser aprovado. E, aí, é acrescentado, para dar lógica à expressão: “esgotado o prazo do parágrafo primeiro” (estamos supondo a saída do parágrafo segundo, já existe uma Emenda neste sentido, pelo que sabemos, neste Artigo) “existindo ou não existindo o Parecer, caberá o Presidente colocar em votação”.

Com relação ao inciso 2, que altera o art. 100, fazemos uma Emenda alterando o parágrafo primeiro no seguinte sentido: acatamos a Emenda do Ver. Nereu D'Ávila – tínhamos sugerido a ele essa Emenda para facilitar a aprovação – onde é colocado no Regimento “em no mínimo duas sessões”. Aí esclarece o problema. Mas ali diz assim: “Caberá ao Regimento da Câmara Municipal disciplinar o uso da palavra em Tribuna Popular, bem como as demais situações de participação popular”. Aqui, isso implicaria o encaminhamento de Emendas ao Orçamento, até o encaminhamento de projetos de iniciativa popular, quando o objetivo é o contrário: disciplinar o uso da palavra nas demais situações. Mas a formulação está incorreta. Propomos uma Emenda que diz o seguinte: Retira “bem como as demais situações de participação popular no processo legislativo”, e coloca em seu lugar “bem como as demais situações de uso da palavra por representantes populares”. Uma coisa é disciplinar o uso da palavra; outra coisa é disciplinar a participação popular no processo legislativo, que seria algo muito grave, porque tiraria da Lei Orgânica e ficaria simplesmente no Regimento. Somente repetimos o que está no parágrafo único do art. 100: “as demais situações de uso da palavra por representantes populares”, e não a participação da iniciativa popular. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO DIB: Senhor Presidente e Srs. Vereadores. Tenho em mãos a Lei nº 6.931, onde, quando da sua votação, o único voto contrário foi o meu. O art. 6º, da Lei 6.931 diz que “fica o Poder Executivo Municipal obrigado, a partir da contratação da operação de crédito autorizada por essa Lei, a dar a mais ampla publicidade da participação da Câmara Municipal para concepção do financiamento, bem como afixar nas placas, junto às obras, tal participação”. Isso nunca aconteceu. É claro que alguém poderá dizer que eu não estou discutindo a matéria que está na Ordem do Dia, e é claro que eu estou discutindo a matéria que está na Ordem do Dia. A estatística feita mostra que cerca de 100 participações na Tribuna Popular aconteceram no Plenário desde a sua instituição. Eu gostaria que se fizesse uma estatística para dizer qual o aproveitamento da Tribuna Popular em todas as 100 participações que aconteceram. Eu diria que, com raras exceções, não aconteceu nada. Até quando o SIMPA veio aqui reclamar contra a violência do Prefeito com o salário dos municipários, não aconteceu coisa nenhuma, até quando o SINDICÂMARA usou a Tribuna Popular, não aconteceu nada.

Talvez fosse interessante lá na Praça Montevidéu, o Prefeito colocando aquele carro de som magnífico que ele tem para que a população falasse e fosse ouvida porque aquilo que nós, aqui, falamos não sai na imprensa, porque nós não pagamos, nós não temos como fazer a publicação, nós não temos como editar um jornal da Câmara como tem o Executivo Municipal. A Tribuna Popular poderia ser até dispensada. Vejam que nós chegamos ao ponto de um Vereador ir à tribuna dizer que o que incomoda não é a Tribuna Popular, que o povo tem o direito de falar e acho até que tem, não tenho nenhuma dúvida que tem, mas ele queria limitar as comunicações de Liderança em cima da Tribuna Popular. Quer dizer: o povo fala, os representantes do povo que silenciem.

Eu acho brincadeira, eu acho que é tudo como aquela pessoa que colocou na Lei nº 6931, art. 6º: “Gratificado, profundamente gratificado. Aprovei por unanimidade, menos com o voto do João Dib, a minha emenda”. E aí, ele foi dormir tranqüilo. Ele nunca foi olhar se a Emenda que ele aprovou no Projeto de Lei que se tornou lei teve utilização, se valeu para alguma coisa. Nós estamos aqui discutindo e vamos ficar discutindo mais tempo a Tribuna Popular que não leva a coisa nenhuma. Agora, se usada lá, uma 5ª feira sim, uma 5ª feira não, às 13 horas e às 18 horas, eu asseguro que o povo de Porto Alegre pararia na Praça, utilizando o equipamento magnífico que o Executivo tem para ouvir o próprio povo. O povo ouviria o povo, mas, aqui, só alguns Vereadores ouvem a Tribuna Popular. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão geral – 3ª Sessão do PELO nº 04/95.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Sr. Presidente, solicito que seja votado o Requerimento de minha autoria, que já estava em processo de votação na última Sessão, quando faltou "quorum".

 

O SR. PRESIDENTE: Há um Requerimento do Ver. José Valdir no sentido de que outro Requerimento de sua autoria, que solicita seja convidada a Sra. Nelcinda Aguirre, Presidente do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, para exposição sobre o atendimento prestado às crianças, seja votado agora, durante a Ordem do Dia.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): O Regimento Interno da Câmara é claro que em questão de convites ou convocações de autoridades municipais em que estejam afetos temas já atingidos por comissões permanentes da Casa, deve haver manifestação anterior daquela comissão. A questão do adolescente, evidentemente, abrange a CECE, pelo menos, tradicionalmente, esses temas têm sido discutidos naquela Comissão. Indagaria se esse é o entendimento da Mesa, e, em caso positivo, se há manifestação da Comissão?

 

O SR. PRESIDENTE: Não. A Mesa esclarece a V. Exa. que requerimentos em que devem ser ouvidas as comissões permanentes da Casa são aqueles que envolvem a formação de uma comissão temporária. Nessas circunstâncias, são ouvidas as comissões permanentes. Recentemente aprovamos requerimento no sentido de que seja convocado o Secretário Municipal de Transportes para falar sobre o trânsito congestionado na Cidade de Porto Alegre, e não foram ouvidas as comissões, na mesma linha de procedimento adotado por esta Casa de que a anuência das comissões permanentes deva-se dar na constituição de comissões de natureza temporária.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, no caso, como é um convite que está sendo feito a uma autoridade municipal, pergunto em qual artigo está estabelecido o regramento para que o convite seja feito e submetido ao Plenário da Casa para que o Plenário delibere a respeito da vinda ou não dessa autoridade.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa esclarece a V. Exa. que, historicamente, por praxe, esta Casa tem, analogicamente, adotado, mesmo nos convites, o princípio da ouvida do Plenário, ainda que restasse uma alternativa de natureza interpretativa de que a Presidência poderia despachar sem a consulta do Plenário. No entanto, como é presença no Plenário o que se requer – e estive examinando e estudando também sob a sua presidência, ouvia-se o Plenário – dentro dessa mesma linha de democracia já adotada por V. Exa. e por tantos outros Presidentes desta Casa, segue-se o mesmo caminho e a mesma orientação.

 

O SR. LUIZ BRAZ: V. Exa. sempre age com muita sapiência em suas decisões. Pediria que pudéssemos ouvir a Comissão de Justiça com relação a próximos convites que possam ser submetidos a este Plenário, já que, a todo o instante, e não por vontade de V. Exa., é exatamente por tradição nesta Casa, acabamos ferindo o Regimento, e, às vezes, submetendo este Plenário a decisões que não são da maioria da Casa, mas sim daqueles que estão presentes.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa louva a decisão de V. Exa. e solicita que formule esse Requerimento por escrito, a fim de ser submetido aos fóruns competentes.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Questão de Ordem): Tenho a impressão de que esta Casa devia respeitar pelo menos o que corriqueiramente uma Assembléia e uma Câmara Federal respeita: o Plenário só é usado para as Sessões Solenes, Ordinárias, e um convite qualquer, a qualquer autoridade, vai para a Comissão. A Comissão se desincumbe de receber os Deputados, os Vereadores que queiram ouvir essa autoridade na Comissão.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa respeita o posicionamento de mérito formulado por V. Exa., mas vai manter a orientação, que já é histórica nesta Casa, de formulação de um conceito axiológico, em que a presença no Plenário ressalta e realça a presença da pessoa convidada. A Mesa coloca em votação o Requerimento do Ver. José Valdir de inversão dos trabalhos, e que seja contemplado, neste momento da Ordem do Dia, o exame do seu Requerimento de nº 64/96.

Em votação o Requerimento do Ver. José Valdir de inversão de votação de projetos. Encaminha o Ver. Jocelin Azambuja pela Bancada do PTB.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou encaminhando o requerimento do Ver. José Valdir de inversão da ordem de votação dos projetos que nós estamos protelando há várias sessões. Aproximadamente, há um mês não se tem conseguido votar nada nesta Casa, porque, lamentavelmente, alguns Vereadores insistem na tese de que este Plenário tem que ouvir aquelas autoridades que eles julgam ser importantes. O Ver. José Valdir vem insistindo nesta tese, que é lamentável, porque se houve erros no passado, nós temos que corrigir, nós estamos, até, fazendo uma reformulação do Regimento nesse sentido.

Eu, como Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esportes desta Casa, evoco, logicamente, o direito de ouvir a Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente que tem vindo regularmente na Comissão e, por sinal, com muita disposição do Conselho em participar de todos os momentos. Amanhã estará aqui, novamente, como já esteve em outros momentos. Então, esta inversão de votação ...

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a Questão de Ordem, neste momento, torna-se sem efeito, porque ele passou a falar na inversão.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Ver. João Dib, peço desculpas se não me ative ao tema, mas o tema é exatamente esse. Não tem como não se ater ao tema, porque a inversão que o Ver. José Valdir quer dos trabalhos, para que seja votado o seu Requerimento, que teve interrompida, na Sessão passada, a sua votação, ela logicamente se deve à natureza da importância que ele está dando ao seu Requerimento e que não deve deixar de ser analisado neste momento na tribuna, porque nos parece que o Vereador está extrapolando justamente esse desejo, prejudicando toda a ordem dos trabalhos, fazendo com que a Sessão pela terceira vez seja interrompida para discussão deste Requerimento, quando inclusive a Presidente do Conselho, já nem é mais Presidente do Conselho. É importante que os Srs. Vereadores saibam disto: já foi eleita uma nova Presidente, que deverá tomar posse nos próximos dias. Então, é uma insistência desnecessária nós invertermos a ordem dos trabalhos, deixarmos de votar os Projetos de Lei que já estão na Pauta há mais de quinze dias para serem votados e não são votados porque, simplesmente, o Vereador que ver contemplado o seu desejo de trazer alguém aqui, no Plenário, para expor as questões que podem ser expostas, com tranqüilidade, nas comissões da Casa, me parece um exagero e até um desprestígio para o nosso próprio Plenário. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra, para encaminhar.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu não quero deixar passar em brancas nuvens que estou prejudicando os trabalhos desta Casa. Eu estou na Sessão desde o primeiro momento e fico até o fim da Sessão e estou desde o dia vinte e dois querendo votar esse requerimento. O que o Ver. Jocelin Azambuja não diz é a sua total incoerência, porque quando é do seu interesse ele convoca todo mundo para o Plenário; provavelmente ele ainda não era ainda Presidente da Comissão de Educação, por isso convocou-me. Eu vim aqui, neste Plenário como Presidente da FESC, convocado pelo Ver. Jocelin Azambuja, aprovado pelo Plenário. Agora, quando ele está na Comissão de Educação, ele quer ter uma postura autoritária, totalitária, e quer que tudo passe pela Comissão de Educação! Eu não vou concordar com isso, não porque o Ver. Jocelin Azambuja não mereça que esse assunto passe por lá, mas até porque esse assunto é tão da Comissão de Educação como é da Comissão de Justiça, porque é uma questão de direitos da criança e do adolescente que estão sendo ameaçados com o cancelamento unilateral, sem ouvir o Conselho de Direitos dos convênios que a FEBEM tinha com as entidades não-governamentais – mais de seis entidades. Eu quero que o Plenário da Casa, dada a importância desse tema, discuta, vote, e, se concordar com a minha tese, aprove que a Presidente do Conselho seja ouvida nesta Casa sobre um assunto de interesse da Cidade, a menos que aqui vigore a Lei de Einstein: tudo é relativo.

Quando é para convocar as autoridades sobre algum problema relativo ao Município, à administração municipal, a Câmara convoca para vir ao Plenário; quando é em relação ao governo do Estado, um problema sério para a Cidade de Porto Alegre, o Plenário não quer saber, não quer ouvir, não quer votar. Ainda vem o Ver. Jocelin Azambuja dizer que eu não tenho o direito de ver a minha proposição votada. Eu quero que esta Câmara, que desde o dia 22 tem esse requerimento para ser votado, diga sim ou não, se quer ou não quer ouvir a Presidente do Conselho sobre o cancelamento dos convênios da FEBEM, que está causando sérios transtornos à política da criança e do adolescente no Município de Porto Alegre, porque enquanto o Município amplia a sua política, a FEBEM cancela os convênios.

Então, enquanto nós ampliamos, por um lado, a política de atendimento à criança e ao adolescente, por outro lado, restringe-se a política. Eu acho que esta Casa tem que discutir isso. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Eu até via com bons olhos, Ver. José Valdir, a possibilidade de nós convidarmos a Presidente do Conselho da Criança e do Adolescente a vir à Casa conversar conosco. Acho que esse tema sempre é importante. Agora, V. Exa. acabou de fazer uma profunda injustiça com a Presidente da FEBEM, casualmente, companheira minha, do PSDB, e que na semana passada assinou um contrato, depois de enorme desafio, de enorme trabalho, para a construção de três casas específicas no interior do Estado do Rio Grande do Sul, para atendimento de crianças e adolescentes já condenados, Ver. José Valdir, que, na política tradicional, são enviados a Porto Alegre e que, na política que nós defendemos na FEBEM, poderão ficar nas suas cidades, tendo a companhia, quando existirem, de suas famílias, se não com o pai e com a mãe – muitas vezes, essas famílias não existem como tal -, com um irmão, com um conhecido, um amigo de sua região. Não dá, Vereador, para aceitar esse tipo de injustiça. Se V. Exa. quiser defender a política municipal, terá o meu apoio, até porque o Conselho vem fazendo um bom trabalho, e a Prefeitura, se não faz tudo o que poderia fazer – essa era uma posição que eu já tinha antigamente; conversamos muito a respeito disso; V. Exa., na direção da FESC, deu um salto muito grande nesse encaminhamento -, faz o que é possível. Mas, para isso não é necessário atacar a FEBEM, Ver. José Valdir. Pode ser que haja uma outra política. V. Exa. não pode impor a política na visão do PT para a política na visão do Estado. Acabando o convênio, pode-se criar outro tipo de encaminhamento.

Vamos convidar, não só a Presidente do Conselho, mas, também, a Presidente da FEBEM. Assim, teremos os dois lados, as duas perspectivas aqui. Para defender uma política, atacar outra, considero uma atitude maniqueísta. É contra isso que me insurjo. A pessoa que dirige a FEBEM – V. Exa. a conhece -, nossa companheira, é absolutamente respeitável; aliás tem uma excelente assessoria, formada, em grande parte, por técnicos filiados ao PT, o que tem gerado ataques a ela dentro do âmbito do Governo, não por parte do Governador, mas por pessoas que não entendem que se possa trabalhar profissionalmente, passando por cima das questões partidárias. Pois, a Direção da FEBEM, que tem gente ligada ao PT, tem feito uma outra política, que – parece-me – começa, de fato, a dar os primeiros resultados concretos, com a assinatura da construção das três casas para 25 jovens adolescentes em cidades do interior, uma das quais Caxias do Sul, que é uma cidade-problema. Jovens esses, que vão ter condições de ser, novamente, gente. Essa é uma das coisas que elogiamos nas tentativas de encaminhamento de políticas, aqui, em Porto Alegre. Não é preciso eliminar uma coisa pela outra.

Nesse sentido, eu quero lastimar a colocação de V. Exa. e deixar, aqui, o meu protesto, aproveitando para registrar esse encaminhamento que a FEBEM está fazendo no Estado do Rio Grande do Sul e dizer que acho que este tema tem que ser discutido, mas dos dois lados, termos aqui a Presidente do Conselho de Porto Alegre, e a Diretora da FEBEM para termos um relato das políticas e não só de uma política, que estão sendo realizadas no Estado que envolva a criança e o adolescente. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa solicita votação nominal. Não há quórum para a votação do Requerimento de autoria do Ver. José Valdir, que solicita alteração na ordem de apreciação da matéria constante da Ordem do Dia.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h56min).

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